tag:blogger.com,1999:blog-20701542718100022112024-03-13T00:00:30.134-07:00Blog da SBEM-RSSBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.comBlogger128125tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-5589169740540665122019-11-03T08:46:00.002-08:002019-11-03T08:46:16.957-08:00Como o estigma do peso influi na saúde mental<div style="text-align: justify;">
Um terço da população mundial encontra-se com excesso de peso e, consequentemente, está em maior risco de ser afetada pelo estigma do peso. Embora o estigma e a discriminação sejam considerados uma ameaça a direitos fundamentais como igualdade e inclusão social, esses são frequentemente PROPAGADOS E TOLERADOS em nosso meio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoQ7qrTs6w0VI5KyylltzH7EedVUm4symTiQU5upIRClp4YVG6Csj3nW7nEpS7aPhfUH2CvTpMWfywMYQ3NKu3J7ntJyFWDjkwMl2h4xieD7vmCLzAjJTwtTQgoLT8Wv2q1eB1QLKtVxc/s1600/obesidade-triste.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoQ7qrTs6w0VI5KyylltzH7EedVUm4symTiQU5upIRClp4YVG6Csj3nW7nEpS7aPhfUH2CvTpMWfywMYQ3NKu3J7ntJyFWDjkwMl2h4xieD7vmCLzAjJTwtTQgoLT8Wv2q1eB1QLKtVxc/s320/obesidade-triste.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O estigma do peso é geralmente expressado através de estereótipos não fundamentados como o de ser preguiçoso, desmotivado, ter falta de disciplina e força de vontade. Esses rótulos podem levar a prejuízo mental, incluindo rejeição social e discriminação. As razões para o estigma do peso incluem a difundida crença de que o controle do peso é uma consequência da força de vontade pessoal, logo, só seria obeso aquele que não tivesse força de vontade suficiente para aderir às modificações do estilo de vida necessárias - como a dieta e a atividade física. No entanto, a ciência provou que isso não é verdade! Hoje, a obesidade é entendida como uma doença crônica e, embora a base do tratamento seja a mesma, há anos, compreendemos melhor a fisiopatologia da mesma e sabemos o quanto o tratamento pode ser difícil e frustrante para os nossos pacientes obesos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na prática, podemos citar diversas situações em que o obeso passa por discriminação:</div>
<div style="text-align: justify;">
- na infância e adolescência, através de bullying provocados não apenas por colegas, como também por parte dos educadores, o que pode acarretar em baixo desempenho acadêmico;</div>
<div style="text-align: justify;">
- na idade adulta através da discriminação no ambiente de trabalho, na contratação e, até mesmo na desigualdade salarial.</div>
<div style="text-align: justify;">
- nos consultórios de profissionais de saúde, quando estes não estejam familiarizados com a doença, constituindo uma barreira importante para utilização dos serviços de saúde.</div>
<div style="text-align: justify;">
A autoestigmatização (quando a própria pessoa aplica a si mesma os esteriótipos negativos de sua doença) está mais fortemente associada com prejuízos à saúde mental do que a estigmatização social, uma vez que é muito mais difícil lidar com o estigma do peso quando ele está internalizado.</div>
<div style="text-align: justify;">
A estigmatização e a discriminação NÃO tem efeitos positivos e NÃO tem função motivacional! Ao contrário, a vivência do estigma do peso é associada com distúrbios alimentares - e ganho de MAIS peso - depressão, ansiedade, angústia, redução da qualidade de vida, baixa auto-estima e insatisfação corporal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Embora se saiba que a estigmatização contribua para desfechos adversos na saúde, ela é raramente um alvo de prevenção e intervenção nos indivíduos com sobrepeso/obesidade e suas consequências mentais são frequentemente ignoradas. O apoio social pode ser utilizado para reduzir seus efeitos adversos: empatia, conforto, compaixão podem ajudar muito!</div>
<div style="text-align: justify;">
Surge, então, um novo desafio para melhorar a saúde mental: educar as pessoas sobre o estigma do peso e criar políticas para protegê-las contra esse mal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referência:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Emmer C, et al. The association between weight stigma and mental health: A meta-analysis. Obes Rev. 2019.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Luciana Dornelles Sampaio Peres</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 34.995 - RQE 29.637</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-54615890420302025522019-09-29T18:43:00.002-07:002019-09-29T18:43:57.990-07:00Congresso Europeu de Cardiologia (ESC-2019) – Diabetes e Doença cardiovascular<div style="text-align: justify;">
Durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia de 2019 (<i>ESC -2019</i>) foi liberada a Diretriz de Diabetes, Pré Diabetes e Doença Cardiovascular(1). O documento contou com a participação conjunta da <i>EASD</i> (<i>European Association for the Study of Diabetes</i>). Abaixo faremos um resumo das principais recomendações relacionadas ao tratamento do diabetes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-Yk1cahyjaAZ0piIOy0pBNv3fzJUlZPy1upTpgNat6gaxZepjyFL2GyRbyr_96oHgvrvUdynstHIvBSge2NGJV5gIB1bEKrnmFCRnB69JAQrHBTWgUFQOdwMjAnYPQUs-TJwBawDF_Ss/s1600/easd+2019.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="100" data-original-width="503" height="63" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-Yk1cahyjaAZ0piIOy0pBNv3fzJUlZPy1upTpgNat6gaxZepjyFL2GyRbyr_96oHgvrvUdynstHIvBSge2NGJV5gIB1bEKrnmFCRnB69JAQrHBTWgUFQOdwMjAnYPQUs-TJwBawDF_Ss/s320/easd+2019.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>1. Qual o alvo de Hemoglobina Glicada para a maior parte dos pacientes?</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seguindo a maioria das diretrizes sobre o tema, incluindo a brasileira(2), o ponto de corte ideal é o de 7%. Como sempre, devemos individualizar tal valor para pacientes específicos, sendo mais “tolerantes” naqueles onde eventos hipoglicêmicos são ainda mais prejudiciais (idosos, portadores de doenças cardiovasculares, etc.).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>2. Qual a primeira droga a ser iniciada nos portadores de Diabetes tipo 2?</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui temos uma polêmica. O documento recomenda que a primeira droga a ser iniciada em pacientes com doença cardiovascular estabelecida ou risco muito alto/alto para tais eventos sejam os inibidores da cotransportador sódio-glicose tipo 2 (iSGLT2) como a empagliflozina, canagliflozina ou dapagliflozina ou os análogos do peptídeo semelhante ao glucagon (aGLP-1) tais como a liraglutida, semaglutida ou dulaglutida. É a primeira vez que estes fármacos são recomendados antes da metformina. Devemos lembrar que os grandes ensaios clínicos com estas drogas usavam a biguanida em ambos os grupos, portanto não temos dados suficientes para compará-las. Além disso, não podemos esquecer seus inúmeros efeitos positivos como a redução da gliconeogênese hepática, redução do turnover de glicose no leito intestinal, aumento da sensibilidade insulínica nas células musculares, dentre outros. Seus benefícios são amplamente conhecidos como, por exemplo, em um dos estudos do projeto UKPDS, publicado em 2008. Neste trabalho tivemos uma redução significativa do número de infartos e de mortalidade geral no grupo que utilizou a metformina(3). Outro aspecto de fundamental importância é relacionado à farmacoeconomia. Além de ser uma droga muito barata ela é amplamente disponível através do programa de farmácia popular do governo federal. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um fármaco que muitas vezes é esquecido nos pacientes com doença aterosclerótica é a pioglitazona. O estudo Pro-Active de 2005 demonstrou redução significativa de IAM e AVC fatais e não fatais. Existem algumas críticas em relação ao desenho deste estudo porém não podemos esquecer dos seus resultados(4). Outro trabalho que devemos lembrar é estudo IRIS que mostrou uma redução de 24% no risco de novos eventos isquêmicos cerebrais nos pacientes que utilizaram pioglitazona(5). Muitos ainda têm a ideia que esta classe é inferior às sulfonilureias, por exemplo, na sua capacidade de reduzir a hemoglobina glicada. O estudo TOSCA-IT(6) mostrou potenciais equivalentes de redução da hemoglobina glicada entre essas duas classes com a grande vantagem da glitazona por ter uma taxa inferior de hipoglicemias. Em relação às sulfonilureias e os inibidores da enzima dipeptidil dipeptidase do tipo IV (iDPP-IV) temos dados suficientes que corroboram segurança do ponto de vista de risco cardiovascular.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por todos esses motivos entendemos que a metformina ainda deve ser considerada como primeira opção, incluindo os pacientes de alto risco cardiovascular. Como segunda droga a ser adicionada aí sim devemos dar preferência aos aGLP-1 ou iSGLT-2 neste grupo de pacientes, entretanto sem esquecer da efetividade e segurança das outras classes citadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>3. Diabetes e Insuficiência cardíaca (IC)</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui foi reforçada a indicação dos iSGLT-2 como ótima opção nos portadores de diabetes e IC. Fruto dos bons resultados dos três principais ensaios clínicos desta classe quanto ao número de internações/morte cardiovascular nesses pacientes(7-9). E aqui vale um adendo sobre o estudo DAPA-HF que mostrou melhora destes desfechos mesmo em pacientes que não tinham diabetes (quase 60% do estudo)(10). Os aGLP-1 e os iDPP-IV são neutros com exceção da saxagliptina pois seu ensaio clínico mostrou aumento do número de internações por IC(11). A pioglitazona também é contra-indicada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>4. Diabetes e doença renal crônica</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="white-space: pre;"> </span>Novamente temos recomendações de utilizarmos os iSGLT-2 devido ao seu perfil nefroprotetor demonstrado nos três ensaios clínicos da classe(7-9).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1 - Cosentino, F, Grant, P.J, Aboyans, V, et al. Guidelines on diabetes, pre-diabetes, and cardiovascular diseases developed in collaboration with the EASD. European Heart Journal. 2019; 2019(0): 1-69.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2 - Faludi, A.A, Izar, M.C.O, Chacra, A.P.M, et al. A. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Arq Bras Cardiol. 2017;109(2[): 1-76</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3 - Holman RR, Paul SK, Bethel MA et al. 10-year follow-up of intensive glucose control in type 2 diabetes. N Engl J Med. 2008; 359: 1577-89.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>4 - Dormandy, J.A, Charbonnel, B, Eckland, D.J.A. et al. Secondary prevention of macrovascular events in patients with type 2 diabetes in the PROactive Study (PROspective pioglitAzone Clinical Trial In macroVascular Events): a randomised controlled trial . Lancet. 2005;366(9493): 1279-1289.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>5 - Kernan, W. N., Viscoli, C. M., Furie, K. et al. Pioglitazone after Ischemic Stroke or Transient Ischemic Attack. New England Journal of Medicine, 374(14), 1321–1331.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>6 - Vaccaro, O., Masulli, M., Nicolucci, A. et al. Effects on the incidence of cardiovascular events of the addition of pioglitazone versus sulfonylureas in patients with type 2 diabetes inadequately controlled with metformin (TOSCA.IT): a randomised, multicentre trial. The Lancet Diabetes & Endocrinology, 5(11), 887–897</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>7 - Zinman, B., Wanner, C., Lachin, J. M, et al. Empagliflozin, Cardiovascular Outcomes, and Mortality in Type 2 Diabetes. N Engl J Med, 373(22), 2117–2128. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>8 - Neal, B., Perkovic, V., Mahaffey, K. W. et al. Canagliflozin and Cardiovascular and Renal Events in Type 2 Diabetes. N Eng J Med, 377(7), 644–657.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>9 - Wiviott, S. D., Raz, I., Bonaca, M. P. et al. Dapagliflozin and Cardiovascular Outcomes in Type 2 Diabetes. N Engl J Med 2019; 380(4), 347-57</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>10 - John JV, McMurray, MD, Scott D, et al. Dapagliflozin in Patients with Heart Failure and Reduced Ejection Fraction. N Engl J Med 2019; 381(12), 1-13</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>11 - Scirica, B. M., Bhatt, D. L., Braunwald, E. et al. Saxagliptin and Cardiovascular Outcomes in Patients with Type 2 Diabetes Mellitus. N Eng J Med, 369(14), 1317–1326.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Ricardo Mendes Martins</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
Professor de Medicina da Unigranrio</div>
<div style="text-align: right;">
Professor de Medicina da UFF</div>
<div style="text-align: right;">
CRM-RJ 778559 - RQE 15753</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-92173328120915484012019-09-09T20:00:00.000-07:002019-09-09T20:00:04.551-07:00Câncer medular de tireoide: quando suspeitar e como avaliar<div style="text-align: justify;">
O câncer medular de tireoide (CMT) é responsável por 3-4% das neoplasias malignas da glândula tireoide. O CMT apresenta-se na forma esporádica ou hereditária (20-25%). Na forma hereditária, é um dos componentes da síndrome genética neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM 2). Mutações no gene <i>RET</i> são responsáveis pela forma hereditária da neoplasia e o diagnóstico molecular é fundamental no manejo do CMT. No texto abaixo vamos responder algumas dúvidas frequentes relacionadas a este câncer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW5cCUZCFJYWb30r4Nqhw47N8UQbSYpbGRV1YPmn1oS42QxMk7zBJoLk7gPdqr_76-azF4mW9QI__dkbYL_kxEDqVfHR2mUxjkuL-lF6TRsoAl3NATIEt-nj1Mf0EwgcNTqEr68AlSY_kB/s1600/cancer+de+tireoide.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="674" data-original-width="1023" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW5cCUZCFJYWb30r4Nqhw47N8UQbSYpbGRV1YPmn1oS42QxMk7zBJoLk7gPdqr_76-azF4mW9QI__dkbYL_kxEDqVfHR2mUxjkuL-lF6TRsoAl3NATIEt-nj1Mf0EwgcNTqEr68AlSY_kB/s320/cancer+de+tireoide.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8px;">Imgem: Flickr</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>1. Quando devemos suspeitar do CMT?</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
A manifestação clínica mais comum do CMT é o nódulo tireoidiano. Deve-se suspeitar especificamente de CMT quando houver história familiar de câncer de tireoide e/ ou mutação no gene <i>RET</i> e/ou associação com outros tumores como feocromocitoma, hiperparatireoidismo, e/ou achados típicos ao exame físico, como o líquen amiloide cutâneo e neuromas de mucosa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>2. Quais os indivíduos com CMT que devem realizar o exame molecular do gene <i>RET</i>?</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
O rastreamento genético deve ser realizado em todos os pacientes com diagnóstico CMT. Aproximadamente 4-10% dos pacientes com CMT sem historia familiar apresentam mutações germinativas do <i>RET</i>. A pesquisa de mutações do gene <i>RET</i> é fundamental na avaliação diagnóstica e no planejamento terapêutico nos indivíduos com CMT.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>3. Em quais casos os familiares de um paciente com CMT devem ser avaliados? Qual a importância da avaliação molecular do <i>RET</i> nesses indivíduos?</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
O CMT hereditário possui transmissão autossômica dominante, assim, a probabilidade de transmissão entre as gerações é de 50%. Após a identificação de um paciente portador de mutação no <i>RET</i> (caso índice), todos seus familiares de primeiro grau devem ser submetidos à avaliação genética. A análise molecular do <i>RET</i> nos familiares é mandatória, pois possibilita o diagnóstico e tratamento precoce, com consequente melhora no prognóstico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>4. Como é feito o exame genético para pesquisa de mutação no gene <i>RET</i>?</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
A análise é feita através de um exame de sangue, com coleta de uma amostra de sangue como qualquer outro exame. Diversos centros no Brasil fazem essa análise sem custo para os pacientes, com recursos de pesquisa. Para maiores informações, os médicos podem acessar e se cadastrar no site da Conexão Brasileira de Câncer de Tireoide (<a href="http://www.conexaotireoide.com.br/">http://www.conexaotireoide.com.br/</a>).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1 - Maia AL, Siqueira DR, Kulcsar MA, Tincani AJ, Mazeto GM, Maciel LM. Diagnóstico, tratamento e seguimento do carcinoma medular de tireoide: recomendações do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2014 Oct;58(7):667-700.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2 - Wells SA Jr, Asa SL, Dralle H, Elisei R, Evans DB, Gagel RF, Lee N, Machens A, Moley JF, Pacini F, Raue F, Frank-Raue K, Robinson B, Rosenthal MS, Santoro M, Schlumberger M, Shah M, Waguespack SG; American Thyroid Association Guidelines Task Force on Medullary Thyroid Carcinoma. Revised American Thyroid Association guidelines for the management of medullary thyroid carcinoma. Thyroid. 2015 Jun;25(6):567-610.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: x-small;">3 - Maciel RMB, Camacho CP, Assumpção LVM, Bufalo NE, Carvalho AL, de Carvalho GA, Castroneves LA, de Castro FM Jr, Ceolin L, Cerutti JM, Corbo R, Ferraz TMBL, Ferreira CV, França MIC, Galvão HCR, Germano-Neto F, Graf H, Jorge AAL, Kunii IS, Lauria MW, Leal VLG, Lindsey SC, Lourenço DM Jr, Maciel LMZ, Magalhães PKR, Martins JRM, Martins-Costa MC, Mazeto GMFS, Impellizzeri AI, Nogueira CR, Palmero EI, Pessoa CHCN, Prada B, Siqueira DR, Sousa MSA, Toledo RA, Valente FOF, Vaisman F, Ward LS, Weber SS, Weiss RV, Yang JH, Dias-da-Silva MR, Hoff AO, Toledo SPA, Maia AL. Genotype and phenotype landscape of MEN2 in 554 medullary thyroid cancer patients: the BrasMEN study. Endocr Connect. 2019 Mar 1;8(3):289-298</span>. </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Ana Luiza Silva Maia</b></div>
<div style="text-align: right;">
CRM-RS 21.605 – RQE 25.839</div>
<div style="text-align: right;">
Pesquisadora líder do Grupo de Pesquisa Bócios e Neoplasias da Tireoide, com projetos aprovados nas diversas agências de fomento nacional (CNPq, PPSUS/FAPERGS, FIPE/HCPA) e internacional (<i>NIH</i>). Membro/Coordenadora do Comitê Assessor de Medicina do CNPq (2012-2015). Membro da <i>task force</i> para elaboração dos guidelines para o Diagnóstico e Manejo do Hipertireoidismo 2016 da <i>American Thyroid Association</i> e membro do <i>Annual Meeting Steering Committee da Endocrine Society</i> (2016-2018).</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Divisão de Tireoide do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre</b></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Texto revisado pelo Departamento de Tireoide em setembro de 2019</i></span></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-75474246289649355132019-09-08T11:39:00.001-07:002019-09-08T11:39:32.296-07:00O que significam os sintomas do diabetes?<div style="text-align: justify;">
A grande maioria dos pacientes com diabetes não sente nada. E isto não é sinal que a doença esteja bem tratada. Os sintomas clássicos de hiperglicemia - sede excessiva, aumento na quantidade de urina e visão borrada - só começam a aparecer quando os níveis de glicose (açúcar do sangue) sobem significativamente a valores acima de 180 mg/dL.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFoCv67WrIXvT6nNBgRz47JUpJcAOlXEBlTPXJsymbynWBrYt4zsyHU5MFxltobF2miqm45KXYX44jehZCHZBCWVKjju_nA-B4Rq9Y7P16oJP6ORQgaGeqxD0bETAfjP-tFfRjxaIkhKyo/s1600/sintomas+de+diabetes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="369" data-original-width="650" height="181" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFoCv67WrIXvT6nNBgRz47JUpJcAOlXEBlTPXJsymbynWBrYt4zsyHU5MFxltobF2miqm45KXYX44jehZCHZBCWVKjju_nA-B4Rq9Y7P16oJP6ORQgaGeqxD0bETAfjP-tFfRjxaIkhKyo/s320/sintomas+de+diabetes.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>Vontade de fazer xixi toda hora</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando nosso sangue passa pelos rins, tanto substâncias que precisam ser eliminadas quanto outras que ainda são úteis para organismo atravessam esses filtros. É o caso da glicose. Em situações normais, os rins reabsorvem a glicose filtrada para que esta fonte de energia não seja perdida na urina. Já em pacientes com diabetes descompensado, a quantidade de glicose que atravessa os rins é tão grande que a capacidade de reabsorção não é capaz de evitar a perda. Todo esse açúcar literalmente "puxa" mais água para a urina. Consequentemente o paciente desenvolve poliúria - termo técnico para o aumento do volume urinário.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>Sede demais</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A água que é perdida junto com a glicose causa hipovolemia. Ou seja, a quantidade de fluídos no organismo diminui. Desidratado, o paciente com diabetes sente mais sede. Se tentar beber refrigerante ou suco para se reidratar, os sintomas vão piorar, pois haverá mais perda de água e açúcar através da urina. É como um náufrago que tenta beber água do mar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>Visão turva</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A glicose circula livremente no nosso organismo, inclusive nos olhos. Níveis muito elevados causam inchaço nas lentes oculares, mudando o foco e deixando a visão borrada. Ao contrário dos problemas na <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/08/retinopatia-diabetica-aprenda-manter.html">retina</a>, a visão borrada causada por elevação da glicemia melhora quando os níveis retornam ao normal. É por isso que oftalmologistas nunca prescrevem óculos para pacientes com diabetes descompensado. O grau muda quando o açúcar baixa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se você convive com diabetes, não espere por estes sintomas para procurar um <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/10/endocrinologia-uma-especialidade-de.html">endocrinologista</a>. Quando <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2019/03/tratamento-do-diabetes-melhor-com-o.html">a doença é tratada corretamente</a> desde suas fases inicias, a qualidade e a expectativa de vida são maiores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referência:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- McCulloch DK. Clinical presentation and diagnosis of diabetes mellitus in adults. UpToDate.</i></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-9131952478252873422019-08-25T18:43:00.000-07:002019-08-25T18:43:04.806-07:00Qual o risco de cortar derivados lácteos da dieta?<div style="text-align: justify;">
O cálcio é um nutriente essencial para o esqueleto em todas as fases da vida. Em adultos, a massa total de cálcio é de aproximadamente 1.000 g, das quais 99% estão localizados na porção mineral do osso sob a forma de cristais de hidroxiapatita. O restante localiza-se no sangue, no líquido extracelular e nos tecidos. A concentração de cálcio no líquido extracelular é mantida dentro de um intervalo relativamente estreito devido à importância deste íon para várias funções celulares, incluindo a divisão celular, integridade da membrana plasmática, secreção de proteínas, contração muscular, excitabilidade neuronal, metabolismo do glicogênio e coagulação.</div>
<div style="text-align: justify;">
A taxa de absorção intestinal do cálcio varia conforme a faixa etária, sendo 60% no recém-nascido, 50% na gestação e 34% na puberdade. Em indivíduos adultos, se 1.000 mg de cálcio forem ingeridos da dieta, aproximadamente 200 mg serão absorvidos. Para suprir as necessidades diárias, é recomendado o consumo de 1.000 a 1.200 mg de cálcio elementar todos os dias. Considerando as fontes disponíveis de cálcio alimentar (tabela 1), é muito difícil atingir esta meta sem o consumo de leite e/ou derivados. É possível calcular a ingestão de cálcio individual acessando: <a href="https://www.iofbonehealth.org/calcium-calculator">https://www.iofbonehealth.org/calcium-calculator</a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSl0OXBL3wKJm8gSSCU9kKQRVVR4j6J0K5PcjTYV7uKWyKlW4GJuL3nq1AA1ZVpp4xbydJyfkj_hs99z7qlUQK-2AUx-TDaisVTCCNHeckY0xhg7occzBbHta4TcjRhCEwNfaxWAms5gkz/s1600/c%25C3%25A1lcio+alimentos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="423" data-original-width="742" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSl0OXBL3wKJm8gSSCU9kKQRVVR4j6J0K5PcjTYV7uKWyKlW4GJuL3nq1AA1ZVpp4xbydJyfkj_hs99z7qlUQK-2AUx-TDaisVTCCNHeckY0xhg7occzBbHta4TcjRhCEwNfaxWAms5gkz/s320/c%25C3%25A1lcio+alimentos.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8px;">Tabela 1 - clique para ampliar</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Por iniciativa da <i>International Osteoporosis Foundation (IOF),</i> para avaliar o consumo alimentar de cálcio em diferentes lugares do mundo, foi realizado um estudo com dados de 74 países (figura 1). Neste estudo, a média de cada país de consumo de cálcio variou de 175 a 1.233 mg/dia, sendo os menores valores observados em países da América do Sul, Ásia e África. Apenas países do norte europeu apresentaram a média recomendada de consumo de cálcio alimentar (superior a 1.000 mg/dia).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBU1xcUEuybDTPRGKkF9yN6GasXDYjMQW996J1-49ufXBrPNV_7ZKPCtgbYNs0kjxDuTNehDCr50e4NKxcBvok7-eDnBTEyjcuQCZLtTMT4CDpKZKMc8xQjf-wjzcLNRs-SRqXmUYckFLJ/s1600/globalcalciu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="800" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBU1xcUEuybDTPRGKkF9yN6GasXDYjMQW996J1-49ufXBrPNV_7ZKPCtgbYNs0kjxDuTNehDCr50e4NKxcBvok7-eDnBTEyjcuQCZLtTMT4CDpKZKMc8xQjf-wjzcLNRs-SRqXmUYckFLJ/s320/globalcalciu.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8px;">Figura 1 - clique para ampliar</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Tipicamente, como resultado do processo de remodelamento ósseo, cerca de 500 mg de cálcio são removidos do esqueleto adulto todos os dias e uma quantidade similar é incorporada ao tecido ósseo. As recomendações de consumo de cálcio foram estabelecidas visando suprir esta necessidade mínima, considerando a absorção limitada de cálcio no trato gastrointestinal. A ingestão insuficiente de cálcio resulta em menor absorção, menor concentração de cálcio ionizado na circulação e maior secreção de paratormônio, um potente agente que estimula a reabsorção óssea. Em outras palavras, a restrição crônica de cálcio alimentar leva à mobilização de cálcio do esqueleto. Essa elevada taxa de remodelação causa perda óssea e representa um fator de risco independente para fraturas. Por outro lado, o consumo adequado de cálcio na dieta, geralmente 1.000 mg/dia ou mais, reduz a taxa de remodelação óssea em até 20% em mulheres e homens mais velhos, influenciando positivamente a densidade mineral óssea. Este efeito positivo é ainda mais importante na adolescência, período em que aproximadamente 40% da massa óssea é adquirida. </div>
<div style="text-align: justify;">
Dessa forma, o cálcio é fundamental para desenvolvimento e manutenção da rigidez e força do esqueleto. Quando a ingestão de cálcio se torna insuficiente para as inúmeras funções que este íon exerce no organismo, mecanismos compensatórios acabam por suprir estas necessidades, reabsorvendo excessivamente o cálcio do esqueleto e acarretando a redução da massa óssea e aumento do risco de fraturas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1. Vautour L e Goltzman D. Regulation of Calcium Homeostasis. In Primer on the Metabolic Bone Diseases and Disorders of Mineral Metabolism 9º edition (ASBMR) 2019. <a href="https://www.iofbonehealth.org/osteoporosis-musculoskeletal-disorders/osteoporosis/prevention/calcium/calcium-content-common-foods">https://www.iofbonehealth.org/osteoporosis-musculoskeletal-disorders/osteoporosis/prevention/calcium/calcium-content-common-foods</a></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2. Ross AC, Manson JE, Abrams SA, Aloia JF, Brannon PM, Clinton SK, Durazo-Arvizu RA, Gallagher JC, Gallo RL, Jones G, Kovacs CS, Mayne ST, Rosen CJ, Shapses SA. The 2011 report on dietary reference intakes for calcium and vitamin D from the Institute of Medicine: what clinicians need to know. J Clin Endocrinol Metab. 2011; 96(1):53-8.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3. Balk EM, Adam GP, Langberg VN, Earley A, Clark P, Ebeling PR, Mithal A, Rizzoli R, Zerbini CAF, Pierroz DD, Dawson-Hughes B; International Osteoporosis Foundation Calcium Steering Committee. Global dietary calcium intake among adults: a systematic review. Osteoporos Int. 2017; 28(12): 3315–3324.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>4. Chiodini I, Bolland MJ. Calcium supplementation in osteoporosis: useful or harmful? Eur J Endocrinol. 2018;178(4):D13-D25. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>5. Weaver CM, Gordon CM, Janz KF, Kalkwarf HJ, Lappe JM, Lewis R, O'Karma M, Wallace TC, Zemel BS. The National Osteoporosis Foundation's position statement on peak bone mass development and lifestyle factors: a systematic review and implementation recommendations. Osteoporos Int. 2016; 27:1281-1386.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Tayane Muniz Fighera</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista com área de atuação em Densitometria Óssea</div>
<div style="text-align: right;">
CRM-RS 32.014 - RQE 27.144 e 28.021</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Texto revisado pelo Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral em agosto de 2019.</i></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: x-small;"><i><br /></i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaFlHZy1tMqHqTQnnwuvZQTkDIaamjmqXxPdSRQwk57cSjnO8eOmjY7HKJSSJHyPasDlspult0fAChhpC0Oa9H-iMrMbixtvLGNMTERkpiLxITmqfLf-T3SiEkNaax_qeTbheHIwCE2T13/s1600/Logo+Departamento+Metabolismo+%25C3%2593sseo+e+Mineral.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaFlHZy1tMqHqTQnnwuvZQTkDIaamjmqXxPdSRQwk57cSjnO8eOmjY7HKJSSJHyPasDlspult0fAChhpC0Oa9H-iMrMbixtvLGNMTERkpiLxITmqfLf-T3SiEkNaax_qeTbheHIwCE2T13/s320/Logo+Departamento+Metabolismo+%25C3%2593sseo+e+Mineral.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Texto originalmente publicado em <a href="https://novasliderancassbem.blogspot.com/2019/08/qual-o-risco-de-cortar-derivados.html">https://novasliderancassbem.blogspot.com/2019/08/qual-o-risco-de-cortar-derivados.html</a>.</span></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-1223188865649513722019-08-04T12:29:00.004-07:002019-08-04T12:29:44.132-07:00Diabetes mellitus tipo 2: doença com potencial de cura?<div style="text-align: justify;">
Desde meados da década de 90, tem-se postulado que o <a href="https://blogdasbemrs.blogspot.com/2016/10/diabetes-mellitus-uma-doenca-que-pode.html">diabetes</a> tipo 2, doença até então considerada crônica e de curso progressivo, poderia ser revertida após a <a href="https://blogdasbemrs.blogspot.com/2019/04/o-papel-do-endocrinologista-na-cirurgia.html">cirurgia bariátrica</a>, hipótese levantada pelo cirurgião americano, Dr. Walter Pories, em seu artigo intitulado: <i>“Who would have though it? An operation proves to be the most effective therapy for adult-onset diabetes mellitus”</i> que mostrou melhora glicêmica significativa ou remissão da doença em 83% dos pacientes submetidos ao procedimento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOpWujMNkdgwAdZAyOiLAdMACDy5X7WGCGRJ-LGG5sdCoAPzfStVbOMtdVNNAdyKpl0xr-5QJU0Cqs4hsLfNsAk0oCkD0W7Zwf33IssjSlkyVxVauqn0zFOxU5DIiiKQBcmCNH5GmUcIw/s1600/diabetes+colorido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="553" data-original-width="830" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOpWujMNkdgwAdZAyOiLAdMACDy5X7WGCGRJ-LGG5sdCoAPzfStVbOMtdVNNAdyKpl0xr-5QJU0Cqs4hsLfNsAk0oCkD0W7Zwf33IssjSlkyVxVauqn0zFOxU5DIiiKQBcmCNH5GmUcIw/s320/diabetes+colorido.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Define-se remissão do diabetes como a obtenção de níveis glicêmicos que não preenchem critérios para diabetes, na ausência de terapia farmacológica e com duração superior a 1 ano. Ainda, a remissão pode ser parcial, quando os níveis de hemoglobina glicada* (A1c) são inferiores a 6,5% e a glicemia de jejum entre 100 a 125 mg/dl e completa quando ocorre restauração à normoglicemia (A1c inferior a 5,7% e glicemia de jejum abaixo de 100 mg/dl).</div>
<div style="text-align: justify;">
Conforme metanálise publicada em 2009, com inclusão de 621 estudos e aproximadamente 5000 pacientes com diabetes tipo 2, 80% dos pacientes obtiveram remissão completa da doença após a realização do <i>bypass</i> gástrico, tipo de cirurgia bariátrica mais comumente realizado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mais recentemente, no trial <i>Diabetes Remission Clinical Trial (DiRECT)</i>, estudo desenvolvido para avaliar o efeito da perda de peso sobre as taxas de remissão do diabetes em indivíduos com menos de 6 anos de doença, dos 149 pacientes que receberam uma dieta hipocalórica, 46% alcançaram remissão em 1 ano, chegando a 86% entre aqueles com perda de peso igual ou superior a 15 kg!</div>
<div style="text-align: justify;">
Em março deste ano, foram publicados os resultados do seguimento deste estudo sobre o efeito da perda e manutenção do peso e a durabilidade da remissão do diabetes. Aproximadamente um terço dos pacientes mantiveram-se em remissão ao final de 2 anos e, dentre aqueles com perda igual ou superior a 15 kg, a taxa foi de 70%. Os resultados do <i>DiRECT</i> demonstram que o diabetes tipo 2 é uma doença potencialmente reversível e que a chance de remissão aumenta proporcionalmente à perda de peso obtida. Da mesma forma, a reversibilidade da doença está intimamente relacionada à manutenção do peso perdido no médio e longo prazo.</div>
<div style="text-align: justify;">
O mecanismo associado à melhora glicêmica obtida com a restrição calórica parece estar relacionado à redução da deposição de gordura ectópica no fígado e no pâncreas, levando à redução da resistência à ação da insulina no fígado e à reversão da disfunção das células beta-pancreáticas, mecanismos envolvidos no surgimento do diabetes tipo 2 em indivíduos geneticamente predispostos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, indivíduos com diagnóstico recente de diabetes tipo 2, usualmente com duração inferior a 6 a 8 anos, apresentam elevada probabilidade de remissão da doença se submetidos a um programa de perda e manutenção do peso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">*Hemoglobina glicada (A1c) – corresponde à média da glicemia séria dos últimos 3 meses</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1. How do we define cure of diabetes? Diabetes Care. 2009 Nov; 32(11):2133-5.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2. Primary care-led weight management for remission of type 2 diabetes (DiRECT): an open-label, cluster-randomised trial. Lancet 2018; 391: 541–51.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3. Durability of a primary care-led weight management intervention for remission of type 2 diabetes: 2-year results of the DiRECT open-label, cluster-randomised trial. Lancet Diabetes Endocrinol. 2019 May;7(5):344-355.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Milene Moehlecke</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 33.068 - RQE 25.181</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.endocrinologistamilene.med.br/">http://www.endocrinologistamilene.med.br</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-35938982444749974532019-07-28T15:35:00.000-07:002019-07-28T15:35:22.850-07:00Tão importante quanto emagrecer é não reganhar o peso perdido<div style="text-align: justify;">
<b>Consigo perder peso, mas é tão difícil manter a perda... isso é normal?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, e você não está sozinho nesta luta. Uma metanálise que juntou dados de 29 estudos mostrou que em média mais da metade do peso perdido era recuperado em dois anos. Em 5 anos, 80% do peso perdido havia sido recuperado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJLOTXauqP_LBm5oywAGq-kUaGgSI1zv-9v86NhgqErhG5luLKz5egtdDEna19Jb_9FbuU0sEv8xxWhchmdI8iCJj3EzQ43eCAgfS8xj8VQXm95IAaoAoxFqV0zh2ELgmER6PWRYidLTA/s1600/efeito-sanfona-emagrecer-engordar-0417-1400x800.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="453" data-original-width="793" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJLOTXauqP_LBm5oywAGq-kUaGgSI1zv-9v86NhgqErhG5luLKz5egtdDEna19Jb_9FbuU0sEv8xxWhchmdI8iCJj3EzQ43eCAgfS8xj8VQXm95IAaoAoxFqV0zh2ELgmER6PWRYidLTA/s320/efeito-sanfona-emagrecer-engordar-0417-1400x800.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Porque isso acontece?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Existem alguns fatores que contribuem para isso. Um deles é o ambiente obesogênico atual. A alta disponibilidade, propaganda e baixo preço dos alimentos industrializados contribuem com a ingesta calórica excessiva. Estes produtos são geralmente processados, muito calóricos, altamente palatáveis e menos saudáveis. Além disso, os ambientes de trabalho são cada vez mais sedentários e o meio urbano dificulta o deslocamento de forma ativa. Tudo isso contribui para uma ingesta maior de calorias e uma redução no gasto energético.</div>
<div style="text-align: justify;">
Outro fator é a resposta fisiológica do organismo à perda de peso. Infelizmente nosso corpo não entende como saudável essa redução dos quilos e cria mecanismos de adaptação endocrinológicos que resultam em aumento do apetite, redução da saciedade e do metabolismo. Foi estimado que para cada quilo de peso perdido, nosso corpo reduz em 20-30kcal/dia seu metabolismo e o apetite aumenta em 100kcal/dia acima do valor prévio ao emagrecimento. Isso leva ao aumento da ingesta calórica sem a percepção do paciente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O que podemos fazer para superar esses obstáculos?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
1- Realizar acompanhamento regular e a longo prazo. É muito importante manter um bom suporte e estímulo profissional (médico/nutricional) e/ou grupo de apoio. </div>
<div style="text-align: justify;">
2- Continuar monitorando (e auto monitorando) peso e alimentação regularmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
3- Preferir comer em casa à comer em restaurantes ou <i>fast foods</i>. Controlar porções ou comprar refeições com porções ou calorias controladas.</div>
<div style="text-align: justify;">
4- Aumentar a atividade física e reduzir tempo de tela (computador, televisão, tablete, celular). Procure descobrir alguma atividade física que te agrade (musculação, dança, natação, caminhadas, esporte em grupo...). Aumente o tempo em movimento (subir escadas ao invés de elevador; ir a pé ao invés de automóvel; passear com animal de estimação)</div>
<div style="text-align: justify;">
5- Sempre lembrar (e ser lembrado pelo profissional assistente) de toda conquista que já teve como o peso total já perdido, o quanto de melhora metabólica teve e melhora na qualidade de vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
6- Analisar, tratar e tentar prevenir episódios de recaídas na alimentação. Procurar ajuda psicológica caso preciso.</div>
<div style="text-align: justify;">
7- Tratamento farmacológico ou cirúrgico pode ser uma alternativa de tratamento adicional quando necessário.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em resumo, a redução do peso pode ser atingida de diversas formas, mas manter a perda de peso é muito mais desafiador e exige mudanças do estilo de vida e acompanhamento a longo prazo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Hall KD, Kahan S. Maintenance of lost weight and long-term management of obesity. Med Clin North Am. 2018 Jan; 102(1): 183–197.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2- Fothergill E, Guo J, Howard L, Kerns JC, Knuth ND, Brychta R, Chen KY, Skarulis MC, Walter M, Walter PJ, Hall KD. Persistent metabolic adaptation 6 years after The Biggest Loser competition. Obesity. 2016 Aug; 24(8): 1612–1619.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3- Anderson JW, Konz EC, Frederich RC, Wood CL. Long-term weight-loss maintenance: a meta-analysis of US studies. Am J Clin Nutr. 2001 Nov;74(5):579-84.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Vanessa Lopes Preto de Oliveira</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 32.187 - RQE 26.842</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-40360212070362264142019-07-14T14:42:00.001-07:002019-07-16T11:39:45.101-07:00Vitamina D - quando a reposição pode fazer mal<div style="text-align: justify;">
“Quanto está minha vitamina D? Acho melhor suplementar, já que mal não faz.” Esta seria uma preocupação relevante se houvesse dados robustos na literatura de que as dosagens e reposição de vitamina D pudessem modificar o estado de saúde das pessoas. Em contrapartida, cada vez mais se fazem exames laboratoriais para avaliar seus níveis séricos e, mais ainda, diariamente mais pessoas tomam vitamina D.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDdl6KNVvVjZHR8qD4qNnchQu9myRs3IPxixyTUxCQCujvroqu6rPhukvrsMqrtQV1e4bkVFCZ2BOlvxMrU1B5V4kvjiJfRxAh-BY9ERD1u7avwr_Ez2gYROYIo6WSlNTyVQovbnZuvWM/s1600/vitamina+d.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="615" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDdl6KNVvVjZHR8qD4qNnchQu9myRs3IPxixyTUxCQCujvroqu6rPhukvrsMqrtQV1e4bkVFCZ2BOlvxMrU1B5V4kvjiJfRxAh-BY9ERD1u7avwr_Ez2gYROYIo6WSlNTyVQovbnZuvWM/s320/vitamina+d.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos últimos anos, a dosagem laboratorial da vitamina D vem ganhando espaço nos consultórios médicos, de nutricionistas e, mesmo, sem solicitação por profissionais de saúde (1). Somando-se a isso, mais “possibilidades terapêuticas” vêm surgindo com a vitamina D no papel de protagonista (2). Infelizmente, este fenômeno reconhecido como a “Era da Vitamina D” está em desacordo com o que sugere a maioria das sociedades médicas, mundialmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Antes que se pense em questionar o papel e o grau de confiabilidade do que dizem as sociedades de especialistas, é preciso entender o que elas fazem. Há diversos grupos de especialistas que, durante anos, revisam literatura científica séria sobre assuntos de sua competência, reúnem evidências científicas relevantes e emitem pareceres ou sugestões sobre o manejo de situações de saúde. Em geral, estas recomendações norteiam as condutas médicas. E com o tema “vitamina D”, não é diferente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há recomendações precisas para a dosagem da vitamina D, ou seja, a maioria das pessoas não deve ser submetida e este exame. Sugere-se averiguar seus níveis séricos naqueles pacientes alocados no que chamamos de “grupos de risco”. Estes incluem idosos com história de fraturas, gestantes e lactantes, obesos, portadores de doenças ósseo-metabólicas (osteoporose, por exemplo), insuficiência renal ou hepática, portadores de situações que causam má absorção (doenças inflamatórias intestinais, fibrose cística, cirurgia bariátrica prévia) e uso de medicamentos que interfiram no metabolismo da vitamina D (corticoide e anticonvulsivantes são alguns exemplos). Em qualquer outro cenário, a dosagem da vitamina D em geral não parece ser custo-efetiva (3).</div>
<div style="text-align: justify;">
Um segundo passo é quem deve receber reposição de vitamina D. Os motivos pelos quais se toma vitamina D como suplementação são inúmeros (2). Há relatos do uso indiscriminado na esperança de melhora de doenças neurodegenerativas, como esclerose múltipla, prevenção e combate a diversos tipos de câncer, alívio de dores crônicas, entre outras. Há também pessoas que tomam vitamina D sem um objetivo específico e, acreditem, estas caíram no “conto” de que vitamina D só faz bem e não faz mal (2). O que há de mais recente na literatura científica é que a reposição deve ser feita naqueles grupos que, anteriormente, tinham indicação de dosagem (3). Diversos estudos foram publicados na tentativa de esclarecer os efeitos extra-esqueléticos da reposição de vitamina D, como no risco cardiovascular, por exemplo (4). Até o momento, nenhum resultado confirmou o benefício da suplementação para todas as pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas afinal, a suplementação de vitamina D faz mal? Antes de responder essa pergunta, precisamos entender como é feita a reposição e seus riscos. Os suplementos são compostos de precursores de vitamina D (colecalciferol e ergocalciferol), as mesmas substâncias encontradas em alimentos como peixes de água fria, ovos, laticínios e cogumelos. No organismo, estas moléculas são convertidas em vitamina D sem nenhum controle metabólico. Ou seja, tudo que for ingerido será metabolizado em vitamina D ativa. Além disso, tanto os precursores quanto a vitamina D são lipossolúveis e, em consequência, se acumulam no tecido adiposo, permanecendo por semanas no organismo (5). Concluindo: doses elevadas de vitamina D podem se acumular causando o que chamamos de hipervitaminose D, uma entidade em ascensão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nos casos de concentrações plasmáticas muito aumentadas de vitamina D, há maior absorção de cálcio no intestino, retirada de cálcio dos ossos para a corrente sanguínea, e dificuldade dos rins em eliminar excessos deste íon. Em razão disso, acontece um quadro de hipercalcemia, o qual pode resultar em alterações de concentração e humor, sintomas gastrointestinais como constipação, dor abdominal e náuseas, até quadros graves de insuficiência renal, arritmia cardíaca, coma e óbito (5).</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora vou responder aquela pergunta: A suplementação de vitamina D faz mal? Na maioria das vezes, não. Quando feita sob indicação precisa, com doses confiáveis e apresentações farmacêuticas conhecidas, não há risco de hipervitaminose D. O problema está no uso indiscriminado dessa suplementação, com doses mais altas que as recomendadas, em produtos de origem duvidosa – pelo risco de doses erradas. Nestes cenários, sim, a suplementação pode fazer mal. Em conclusão, o que vale é prevenção. Não se deve dosar e, posteriormente, tomar vitamina D sem indicação precisa. Se for necessário repor, que seja feita em doses e em formulações recomendadas e seguras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Galior K, Grebe S, Singh R. Development of Vitamin D Toxicity from Overcorrection of Vitamin D Deficiency: A Review of Case. Nutrients 2018: 10, 953.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2- Shea LR, Berg JD. Self-administration of vitamin D supplement in the general public may be associated with high 25-hydroxyvitamin D concentrations. Annals of Clinical Biochemistry 2017: 54(3) 355-361.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3- Maeda SS, Borbra VZC, Camargo MBR, Silva DMW, Borges JLC, Bandeira F, Mazaretti-Castro M. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014;58/5.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>4- Saponaro F, Marcocci C, Zucchi R. Vitamin D status and cardiovascular outcome. J Endocrinol Invest. 2019 Jun 6. doi: 10.1007/s40618-019-01057-y.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>5- Vogiatzi MG, Jacobson-Dickman E, DeBoer MD. Vitamin D Supplementation and Risk of Toxicity in Pediatrics: A Review of Current LiteratureJCEM 2014; 99(4):1132 – 1141.</i></span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Rafael Vaz Machry</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 34.882 - RQE 27.927</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor em Endocrinologia pela UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
Professor Adjunto do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Santa Maria</div>
<div style="text-align: right;">
Professor do Curso de Medicina da Universidade Franciscana</div>
</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-25253668380437371092019-06-23T19:07:00.004-07:002019-06-23T19:07:39.936-07:00Aplicação de insulinas: o que eu preciso saber?<div style="text-align: justify;">
A insulina é parte fundamental do tratamento de pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e, também, em vários pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Por isso, é extremamente importante conhecer a técnica adequada de aplicação e os insumos disponíveis para aplicá-la. Vamos a eles.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>VIA/ LOCAIS DE APLICAÇÃO:</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
A insulina deve ser aplicada no subcutâneo, uma camada localizada abaixo da nossa pele. Independente do sexo, raça, peso corporal, todos nós temos uma espessura de pele de 2,2 milímetros, em média. Isso quer dizer que praticamente TODOS os pacientes vão se beneficiar do uso de agulhas entre 4 e 6 milímetros.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os locais de aplicação podem ser vistos na figura abaixo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDpz2QvMGb1JX0jJs0PggyvElKIfoHM8EVPn2MoKLyaR9YtAekYWWhClRBhlyzN380qlQsE2MOnCM_7MNKs1N8-T0ETRHYszB1VMGkl_dwhDnPx61uJJa-zY3ic4WMYmSFHlkHLDQKgi0/s1600/locais+de+aplica%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="607" data-original-width="1075" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDpz2QvMGb1JX0jJs0PggyvElKIfoHM8EVPn2MoKLyaR9YtAekYWWhClRBhlyzN380qlQsE2MOnCM_7MNKs1N8-T0ETRHYszB1VMGkl_dwhDnPx61uJJa-zY3ic4WMYmSFHlkHLDQKgi0/s400/locais+de+aplica%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Região do abdome – NÃO APLIQUE AO REDOR DO UMBIGO! Feche sua mão e coloque ao lado da cicatriz umbilical – a sua mão é a medida mínima para distar do umbigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Região da coxa – nunca aplique na face interna da coxa, aplique na “frente”, como mostra a figura – Relaxe a perna. De preferência, deixe ela esticada, sem contrair o músculo.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Região posterior do braço – no mínimo, 3 dedos acima do cotovelo – dobre o braço ao aplicar.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Região posterior, aplique acima do glúteo, aonde inicia o bumbum.</div>
<div style="text-align: justify;">
FAÇA RODÍZIOS – EVITE APLICAR INSULINA SEMPRE NO MESMO LOCAL</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>PREPARO DA INSULINA:</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
A insulina NPH (aquela insulina leitosa, “branca”) precisa sempre ser misturada antes de aplicar. Deite o frasco ou caneta na sua mão aberta e role com a outra mão em movimentos de vai-e-vem: 20 vezes (figura abaixo). Após isso, pode aplicar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Todas as demais insulinas NÃO precisam ser misturadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6nwi9oR9byLaBVSMXMhGHF_KF-52dCJJkRU2rWq-LqZ0MjqV7C_E84G9dMAetfev8kYczRk6IQKLcdES5k1e1-nHymDdLMfJOkfj7vNWERJl2wFDfRc62nNA2RIQSdtEu9MAnnY31Glg/s1600/nph.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="128" data-original-width="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6nwi9oR9byLaBVSMXMhGHF_KF-52dCJJkRU2rWq-LqZ0MjqV7C_E84G9dMAetfev8kYczRk6IQKLcdES5k1e1-nHymDdLMfJOkfj7vNWERJl2wFDfRc62nNA2RIQSdtEu9MAnnY31Glg/s1600/nph.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>SERINGAS E CANETAS:</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
As duas formas de aplicar insulina têm diferenças importantes. Em relação ao tamanho das agulhas, temos o seguinte:</div>
<div style="text-align: justify;">
- SERINGAS: tamanhos de 6, 8 e 12,7 milímetros – se possível, escolha sempre a de 6 milímetros (agulhas maiores aumentam o risco de aplicar a insulina no músculo). Caso use agulhas maiores, informe-se com seu (sua) médico (a) para aplicar com a agulha inclinada ou fazer pregas na pele.</div>
<div style="text-align: justify;">
- CANETAS: tamanhos de 4, 5, 6, 8 e 12,7 milímetros – se possível, use sempre a de 4 milímetros. Em caso de desconforto na aplicação ou outro problema, converse com seu (sua) endocrinologista.</div>
<div style="text-align: justify;">
LEMBRE-SE: agulhas devem ser usadas apenas uma vez. Isso garante a esterilidade do material, diminui o risco de lesões e infecções na pele e garante uma aplicação mais confortável.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>ARMAZENAMENTO:</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Os frascos, refis ou canetas novos devem ser armazenados na geladeira, na primeira prateleira, acima da gaveta de frutas, dentro de um pote plástico com tampa ou na embalagem original. NÃO ARMAZENE NA PORTA. JAMAIS CONGELE A INSULINA. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quando em uso, as insulinas (tanto de frasco quanto canetas) podem ser armazenadas no ambiente, desde que em temperatura entre 15º e 30º C. Não deixe sua insulina exposta à luz solar direta, em ambientes muito quente ou em cima de aparelhos elétricos que aquecem. Armazene ela em locais arejados, escuros e com temperatura amena. </div>
<div style="text-align: justify;">
LEMBRE-SE: insulinas abertas devem ser usadas por, no máximo, 30 dias (em média, algumas podem durar um pouco mais). Ou seja, se já faz 30 dias que você está usando o mesmo frasco ou caneta, pegue um novo, mesmo que ainda tenha restado insulina.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>DESCARTE CORRETO:</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u><br /></u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
NUNCA descarte agulhas ou seringas em lixo comum. A melhor saída é adquirir os coletores perfurocortantes (DESCARPACK® - valor médio R$ 3,50 reais – figura abaixo). Uma alternativa é utilizar frascos de plástico grosso com boca larga (de amaciante, por exemplo). Entregue sempre esse material nos postos ou unidades de saúde para o descarte correto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIgpOtUVLkc_MMjBYyaTLaA4ZVhBkTa1jOFKkVBy472BYUPInDQaXyWR3n9pVhhsDWr8QKObRpEkMGPOtVpcnsyQeRd57IatQ3nCWG6EY8dGi35El6qMG3lzUjGD51dTEPZd4asjHTyhk/s1600/descarpack.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="311" data-original-width="311" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIgpOtUVLkc_MMjBYyaTLaA4ZVhBkTa1jOFKkVBy472BYUPInDQaXyWR3n9pVhhsDWr8QKObRpEkMGPOtVpcnsyQeRd57IatQ3nCWG6EY8dGi35El6qMG3lzUjGD51dTEPZd4asjHTyhk/s1600/descarpack.png" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A adoção de técnicas corretas na aplicação de insulina garante mais conforto, melhor adesão e melhor controle do diabetes. Para mais informações, converse sempre com seu (sua) endocrinologista.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1 - Posicionamento Oficial SBD Nº 01/2017 - Recomendações Sobre o Tratamento Injetável do Diabetes: Insulinas e Incretinas.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2 - New insulin delivery recommendations. Mayo Clin Proc. 2016 Sep;91(9):1231-55.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Thiago Malaquias Fritzen</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 38.580 - RQE 32.525</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-26289130448240853332019-06-14T10:58:00.000-07:002019-06-14T10:58:06.804-07:00Mudanças na composição corporal durante a perda de peso<div style="text-align: justify;">
Indivíduos com obesidade apresentam tanto excesso de tecido adiposo (massa de gordura) quanto de massa muscular em relação àqueles com peso normal, como exposto na figura abaixo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMSXsMerc-Bj5Wax7Wb5WzlwyFuzlMgPKS-in39YtcOlXX8t6vighP4NjGwGZm-O9ZDBqA0j0TumnT0pQ2bMHIH6JjnUpmaRmWJzOYmTVzXympqPGFAt5dg52RU9BhO4Flr6pUlr-q9co/s1600/milene+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="586" data-original-width="698" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMSXsMerc-Bj5Wax7Wb5WzlwyFuzlMgPKS-in39YtcOlXX8t6vighP4NjGwGZm-O9ZDBqA0j0TumnT0pQ2bMHIH6JjnUpmaRmWJzOYmTVzXympqPGFAt5dg52RU9BhO4Flr6pUlr-q9co/s320/milene+2.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Durante o processo de emagrecimento, é esperado que ocorra uma perda de ambos, gordura e músculo. Entretanto, perda de grandes quantidades de massa muscular em relação à de gordura podem comprometer a manutenção do novo peso, tendo em vista a íntima relação do músculo com o metabolismo basal, principal componente do gasto calórico diário. A proporção considerada adequada durante a fase de emagrecimento é de 70 a 80% da perda de peso como gordura e 20 a 30% como massa muscular.</div>
<div style="text-align: justify;">
A realização de uma dieta restritiva isoladamente pode acentuar essa perda de massa muscular, comprometendo a manutenção dos resultados no médio e longo prazo. Já uma dieta hipocalórica com uma ingestão adequada, mas não excessiva, de proteína combinada à realização regular de exercícios, sobretudo os de força como a musculação, contribuem para a maior preservação da massa muscular, além de melhorar a força durante esta fase de perda de peso!!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referência:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1 - Cava E, Yeat NC, Mittendorfer B. Preserving Healthy Muscle during Weight Loss. Adv Nutr. 2017 May 15;8(3):511-519.</i></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Milene Moehlecke</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 33.068 - RQE 25.181</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.endocrinologistamilene.med.br/">http://www.endocrinologistamilene.med.br</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-46442758239180072432019-06-08T09:36:00.004-07:002019-06-08T09:36:41.527-07:00Efeito platô – você já ouviu falar?<div style="text-align: justify;">
O efeito platô, de forma bastante simplificada, corresponde à menor perda de peso desde o início do tratamento. Este efeito costuma ocorrer entre 4 a 6 meses após o início do processo de emagrecimento.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas quais os mecanismos responsáveis por limitar a perda de peso?</div>
<div style="text-align: justify;">
O aumento do apetite proporcionalmente à perda de peso é um fator tão ou mais importante do que a redução do metabolismo energético.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estima-se que para cada quilo de peso perdido, ocorra uma redução de 20 a 30 kcal/dia no metabolismo e um aumento no apetite de aproximadamente 100 kcal/dia em relação ao início do tratamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
O aumento exponencial na ingestão alimentar é o fator primário que limita a perda de peso dentro do primeiro ano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiK8rKfdBbGwaPN7uN5tRUc233t02MXobv1pBFD7MOcpDZGBGf_-gUwaUd09SCfP8uDeZH_4MXNhUVzq9ir4hRzoDicKktFg6LaOBUTiDpQVIPQrCp-cVk7Fwj96n7svpxwfZLjHwF_4o/s1600/efeito+plat%25C3%25B4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="607" data-original-width="1328" height="146" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiK8rKfdBbGwaPN7uN5tRUc233t02MXobv1pBFD7MOcpDZGBGf_-gUwaUd09SCfP8uDeZH_4MXNhUVzq9ir4hRzoDicKktFg6LaOBUTiDpQVIPQrCp-cVk7Fwj96n7svpxwfZLjHwF_4o/s320/efeito+plat%25C3%25B4.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A figura acima é um modelo matemático proposto para explicar as mudanças descritas durante o efeito platô entre pacientes que apresentaram recuperação do peso (linha azul) e aqueles que mantiveram a perda de peso (linha vermelha).</div>
<div style="text-align: justify;">
Neste exemplo, em contraste a uma queda de ~200 kcal/dia no gasto calórico durante o platô, o apetite aumenta em 400 a 600 kcal/dia e a ingestão alimentar aumenta em 600 a 700 kcal/dia desde o início da intervenção.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estes achados contrastam com os relatos dos pacientes de comerem aproximadamente a mesma quantidade de comida do início do tratamento após o início do platô de peso. Embora eles acreditem realmente que estejam aderindo à dieta e comendo a mesma quantidade de comida, a sensação de fome aumenta e, como a regulação do apetite ocorre em regiões do cérebro abaixo do nível de consciência do paciente, a sua percepção sobre o tamanho das porções fica prejudicada.</div>
<div style="text-align: justify;">
E essa tendência progressiva a maior ingestão alimentar pode ser difícil de ser identificada em registros alimentares, devido às grandes flutuações, em torno de 20% a 30%, na ingestão de calorias ao longo dos dias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, é necessário um esforço constante do paciente para evitar excessos na ingestão alimentar em decorrência do aumento do apetite que ocorre proporcionalmente ao peso perdido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar dessas mudanças fisiológicas conhecidas, a resposta típica do paciente é a de culpar-se e de pessoas próximas é a de julgar e criticar, atribuindo o insucesso a problemas de cunho psicológico e/ou de caráter, como falta de força de vontade, de persistência, preguiça, sentimentos que muitas vezes são reforçados pelos próprios profissionais de saúde.</div>
<div style="text-align: justify;">
Infelizmente, as tentativas prévias fracassadas contribuem para o menor percentual de pessoas com obesidade procurando ajuda novamente para perda de peso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso, é importante ressaltar que o grau de perda de peso não deve ser o único parâmetro na avaliação de sucesso do tratamento da obesidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Cabe à equipe com expertise no tratamento desta doença apoiar e encorajar os pacientes a manter as mudanças na alimentação e na prática de exercícios físicos, pois estas impactarão em sua qualidade de vida e em diversos fatores associados à saúde em geral, mesmo na ausência de perdas de peso mais significativas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1. Long-term weight-loss maintenance: a metaanalysis of US studies. Am J Clin Nutr 2001;74(5):579–84.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2. Maintenance of Lost Weight and Long-Term Management of Obesity. Med Clin N Am 102 (2018) 183–197.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Milene Moehlecke</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 33.068 - RQE 25.181</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.endocrinologistamilene.med.br/">http://www.endocrinologistamilene.med.br</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-42245820437225825072019-05-25T19:41:00.001-07:002019-05-25T19:41:51.542-07:00Como tratar a esteatose hepática (gordura no fígado) através da alimentação?<div style="text-align: justify;">
Hoje temos acesso a diversas tecnologias e comodidades. Internet, <i>smartphones</i>, aplicativos e... comida. É simples, é fácil pedir comida apetitosa em casa. Coloque o conforto do sofá e a praticidade do <i>Netflix</i> nessa conta e teremos um resultado desagradável – calorias demais + atividades físicas de menos = <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/sobrepeso-e-obesidade-identificando-e.html" target="_blank">obesidade</a> e doenças metabólicas. E a gordura em excesso não vai só pra debaixo da pele, não. Ela literalmente invade nossas vísceras. E o fígado é especialmente afetado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nos Estados Unidos, estima-se que uma em cada quatro pessoas tenha o diagnóstico de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/06/doenca-hepatica-gordurosa-nao-alcoolica.html" target="_blank">doença hepática gordurosa não alcoólica</a>, isto é, fígado gorduroso de origem metabólica. <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/12/risco-de-complicacoes-em-pacientes-com.html" target="_blank">A esteatose hepática quando não tratada pode ser causa tanto de cirrose e câncer no fígado como aumentar o risco de doenças cardíacas e vasculares.</a> Logo, uma vez identificada, deve ser prontamente manejada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma doença que pode ser causada por alimentação ruim, pode ser tratada com mudanças de hábitos. Isto é intuitivo, embora nem sempre seja simples de implementar. Abaixo, elenquei algumas das orientações alimentares mais importantes para ajudar no <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/07/como-tratar-esteatose-hepatica-figado.html" target="_blank">manejo da doença hepática gordurosa não alcoólica</a>. Vamos a elas?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdVmIyotIVuEFFwDfFPSJYAsNw9Zrphuwy6fKaAnairYy9Zd5btXtAjFVB1rMarfa033Up25AHNSrxKyMb7av85JrsWm7FHEVEO7XmNmpl1w0V5GXOn5ZTH2L6JPGfeLWeaMC8htjEgzQv/s1600/esteatose+hepatica+mateus+dornelles+severo+endocrinologia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="500" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdVmIyotIVuEFFwDfFPSJYAsNw9Zrphuwy6fKaAnairYy9Zd5btXtAjFVB1rMarfa033Up25AHNSrxKyMb7av85JrsWm7FHEVEO7XmNmpl1w0V5GXOn5ZTH2L6JPGfeLWeaMC8htjEgzQv/s320/esteatose+hepatica+mateus+dornelles+severo+endocrinologia.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>1- Reduzir calorias para perder peso.</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Perder peso é o principal tratamento da esteatose hepática. Quando se perde 5 por cento do peso, o fígado já começa a “emagrecer”. Ao perder 7 por cento, as células lesionadas começam a melhorar. Com 10 por cento menos, a fibrose (processo de cicatrização desordenado que leva à cirrose) também melhora. Pra perder peso, é importante comer menos, reduzir calorias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>2- Optar por um padrão alimentar sustentável e saudável.</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que mais importa não é <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/08/o-que-e-melhor-para-saude-gordura-ou.html" target="_blank">cortar carboidratos ou gorduras</a> da alimentação, mas optar por um padrão alimentar que se consiga manter ao longo das semanas, meses e... anos. Pouco adianta uma dieta em que você emagrece vários quilos rapidamente para reganhar o peso perdido algum tempo depois. Opte por padrões alimentares saudáveis e sustentáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu particularmente gosto bastante da dieta mediterrânea. Pra quem não está familiarizado, este padrão alimentar caracteriza-se por muitas hortaliças, grãos integrais, carnes brancas (peixes, especialmente), azeite de oliva, sementes oleaginosas e lácteos magros. Produtos prontos e altamente processados, carne vermelha e carboidratos refinados podem ser consumidos apenas muito eventualmente. Existem diversos estudos associando a dieta mediterrânea à melhora de disfunções metabólicas, entre elas o acúmulo de gordura no fígado, além de reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Está aí um padrão alimentar no qual vale a pena investir!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>3- Evitar refrigerantes, sucos e bebidas alcoólicas. Beber café.</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bebidas adoçadas são ricas em frutose. Este tipo de açúcar quando consumido em excesso pode contribuir para uma série de disfunções metabólicas. Alterações nos níveis de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/06/perguntas-e-respostas-sobre-colesterol.html" target="_blank">colesterol</a> e <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/09/como-baixar-os-triglicerideos.html" target="_blank">triglicerídeos</a>, <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2014/07/o-que-causa-o-diabetes-mellitus-tipo-2.html" target="_blank">aumento dos níveis de glicose</a>, resposta inflamatória sistêmica e... esteatose hepática estão entre elas.</div>
<div style="text-align: justify;">
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode ser causa de danos hepáticos em qualquer pessoa. Isso é fato! Em um paciente com doença hepática gordurosa não alcoólica, existe a possibilidade de o álcool agravar ou acelerar o processo de lesão ao fígado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar te não termos estudos clínicos bem desenhados, evidências observacionais associam o consumo de café a um risco de cerca de 30 por cento menor de esteatose e fibrose hepática. Mas não vale por açúcar!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>4- Evitar suplementos sem orientação médica.</u></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diversos estudos já avaliaram o uso de inúmeros <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2018/05/existe-remedio-para-o-figado-gorduroso.html" target="_blank">suplementos</a>. Vitamina E, ômega 3, <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/06/resveratrol-e-metabolismo-glicemico.html" target="_blank">resveratrol</a>, probióticos, vitamina C, antocianinas... e a lista continua! Apenas a vitamina E mostrou certa eficácia em pacientes com evidência de esteato hepatite não alcoólica confirmada por biópsia, porém, com ressalvas quanto ao seu perfil de segurança a longo prazo. Ou seja, suplementos NÃO DEVEM ser usados sem avaliação médica criteriosa, pois existe possibilidade de poderem trazer mais prejuízos que benefícios à saúde – e ao bolso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Resumindo, a doença hepática gordurosa não alcoólica exige mudança de hábitos. E profissionais de saúde qualificados, entre eles o <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/10/endocrinologia-uma-especialidade-de.html" target="_blank">endocrinologista</a>, podem ajudar nas orientações, na motivação e no suporte ao paciente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Chalasani N et al. The Diagnosis and Management of Nonalcoholic Fatty Liver Disease: Practice Guidance From the American Association for the Study of Liver Diseases. Hepatology, vol. 67, no. 1, 2018.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2- Plauth M. ESPEN guideline on clinical nutrition in liver disease. Clin Nutr. 2019 Apr;38(2):485-521.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Vídeo: Como tratar o FÍGADO GORDUROSO através da alimentação?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/OtNSIROs8f4/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/OtNSIROs8f4?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia - UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-90378326688851882962019-05-20T06:27:00.001-07:002019-05-20T06:27:32.363-07:00Devemos tratar gestantes eutireoideas com anticorpos anti-TPO positivos?
<div style="text-align: justify;">
Existe hoje uma grande preocupação acerca da necessidade de tratamento de gestantes que apresentam função tireoidiana normal, porém com anticorpos anti-TPO positivos. Sabemos que em torno de 2-17% das gestantes podem apresentar positividade para anticorpos, sejam eles anti-TPO ou anti-tireglobulina. A relevância desse tema se deve à associação desses anticorpos ao risco de desenvolvimentos de diversas complicações tanto maternas quanto fetais como aborto, parto pré-termo, morte perinatal, comprometimento motor e intelectual dos recém nascidos, além do desenvolvimento de hipotireoidismo clínico. A presença desses anticorpos poderia ser um “marcador” de desfechos adversos na gestação. Dados da literatura mostram que a positividade para o anti-TPO foi associado com 2x o aumento do risco de aborto. O mecanismo implicado reside no fato de que esses auto-anticorpos podem ser considerados como um marcador de disfunção auto-imune que, por si só, tem sido reconhecida por ser responsável pelo aumento de perda gestacional, além da associação com outras doenças auto-imunes e outros tipos de auto anticorpos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKkjSQG2TU_UqHOdbN67S2Bq4XSX_56H4clfrXpytTnOmv3klFciwOomNo6KvNsSz_RSLkBcOJrfdTOMb0I3tONZPfnyPkSdE1X9YOmBEbdrGQ2GEwF1jYuhKhQLHqgUe18_CDH7WrZ4E/s1600/ilustracao-grafica-mostrando-bebe-dentro-da-barriga-da-mae-foto-cliparea-l-custom-mediashutterstockcom-00000000000173ED.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="337" data-original-width="600" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKkjSQG2TU_UqHOdbN67S2Bq4XSX_56H4clfrXpytTnOmv3klFciwOomNo6KvNsSz_RSLkBcOJrfdTOMb0I3tONZPfnyPkSdE1X9YOmBEbdrGQ2GEwF1jYuhKhQLHqgUe18_CDH7WrZ4E/s320/ilustracao-grafica-mostrando-bebe-dentro-da-barriga-da-mae-foto-cliparea-l-custom-mediashutterstockcom-00000000000173ED.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />Em 2006, Negro e colaboradores realizaram um ensaio clínico randomizado, na Itália, para avaliar se haveria algum benefício em tratar gestantes com função tireoidiana normal (nesse estudo as pacientes tinham valores de TSH de até 2,0 µUI/mL) com vistas a redução dessas complicações. No entanto, apesar de as pacientes tratadas terem apresentado menor taxa de aborto e parto prematuro, não foi provada relação causal entre o tratamento dessas gestantes com anticorpos positivos e a redução das complicações4. Mais tarde Nazarpour, em 2016, reproduziu esse estudo, porém só houve benefício de tratamento das gestantes que apresentavam TSH > 4,0 µUI/mL5. Alguns estudos que avaliaram relação entre positividade de anti-TPO e parto prematuro mostraram aumento da prevalência deste nessas gestantes, como no estudo de Ghafoor et al, porém outros estudos não mostraram associação. Da mesma forma, em relação à infertilidade há poucos dados que confirmem essa relação na literatura.<br />Mais recentemente, um ensaio clínico randomizado foi realizado no Reino Unido. As pacientes incluídas tinham história de um ou mais abortos prévios ou realização de tratamento para infertilidade, além de anticorpos anti TPO positivos. 476 mulheres eutireoideas receberam 50 μcg ao dia desde o período pré-concepcional até o parto, enquanto o mesmo número de mulheres recebeu placebo no mesmo período. No entanto, não houve aumento da taxa de nascidos vivos após 34 semanas de gestação nas mulheres usando levotiroxina em comparação às que usaram placebo. Também não houve redução de desfechos neonatais adversos, incluindo aborto e parto pré-termo. <br />Em vista da ausência de dados que mostrem uma relação causal e o mecanismo correto de associação entre as gestantes com anticorpos positivos e as possíveis complicações, a <i>ATA</i> (Associação Americana de Tireoide) em 2017, apenas considerava o tratamento de gestantes que tinham história prévia de perda gestacional dado o possível benefício da levotiroxina em comparação aos seus riscos em mulheres que tenham anticorpos anti-TPO positivos. Ainda não há consenso na literatura para recomendar contra ou a favor o tratamento com levotiroxina para evitar parto prematuro ou infertilidade. No entanto, em vista do recente ECR publicado, controlado por placebo, é possível que as novas recomendações da <i>ATA</i> sofram mudanças.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:<br /><i>1- Alexander EK, Pearce EN, Brent G, et al. Guidelines of the American Thyroid Association for the diagnosis and management of thyroid disease during pregnancy and postpartum. Thyroid 2017; 27:315-89.<br />2- De Leo S, Pearce EN. Autoimmune thyroid disease during pregnancy. Lancet Diabetes Endocrinology, 2018 Jul;6 (7): 575-586.<br />3- Prummel MF, Wiersinga WM. Thyroid autoimmunity and miscarriage. Eur J Endocrinol. 2004 Jun;150(6):751-5.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: x-small;">4- Negro R, Formoso G. Levothyroxine Treatment in Euthyroid Pregnant Women with Autoimmune Thyroid Disease: Effects on Obstetrical Complications. J Clin Endocrinol Metab, July 2006; 91(7): 2587-2591.</span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: x-small;">5- Nazarpour S, Tehrani FR, Simbar M, Tohidi M. Effects of Levothyroxine treatment on pregnancy outcomes in pregnant women with Autoimmune Thyroid Disease. Eur J Endocrinology. 2017. Feb;176 (2): 253-265.<br />6- Dhillon-Smith K R, Middleton LJ, Sunner KK. Levothyroxine in Women with Thyroid Peroxidase Antibodies before Conception. N Engl J Med. 2019 Apr 4;380(14):1316-1325. </span></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Paola Tonin Carpeggiani</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica<br />CREMERS 39.893<br /> </div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Maria José Borsatto Zanella</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 15.365 - RQE 7.281</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-39716668791403322912019-04-23T17:12:00.001-07:002019-04-23T17:12:44.164-07:00Tratamentos que protegem os rins do paciente com diabetes tipo 2 - o que há de novo<div style="text-align: justify;">
O diabetes mellitus pode levar a diversas complicações. Entre as mais temidas está a <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2018/04/doenca-renal-nao-causada-pelo-diabetes.html" target="_blank">doença renal crônica</a>. Atualmente, a maioria dos pacientes em programas de diálise acabou nessa situação por conta do diabetes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de quase duas décadas sem grandes novidades, uma nova classe de medicamentos antidiabéticos começa a mostrar efeitos positivos na proteção renal: são os inibidores da SGLT2.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSiblRP5JTav8OJYQLLpSA39_8wLC5_Oy05CctqI-wDwyhOu7Gu7gzLsASLd5xjPRyJSdDm7RdvXehEhy7fhwcvaS6N49QUcADOObRSwRL_dE9t9WVV4RDczprIEywcaaK2BexfqChMARq/s1600/rim+diabetes+mateus+severo+endocrinologia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="220" data-original-width="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSiblRP5JTav8OJYQLLpSA39_8wLC5_Oy05CctqI-wDwyhOu7Gu7gzLsASLd5xjPRyJSdDm7RdvXehEhy7fhwcvaS6N49QUcADOObRSwRL_dE9t9WVV4RDczprIEywcaaK2BexfqChMARq/s1600/rim+diabetes+mateus+severo+endocrinologia.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro grande estudo desenhado para avaliar especificamente o efeito de um inibidor da SGLT2 em pacientes diabéticos com alto risco de perda de função renal foi publicado em abril de 2019 no <i>New England Journal of Medicine</i>: o <i>CREDENCE Trial</i>. Para ser exato, 4401 indivíduos com diagnóstico de diabetes tipo 2 e disfunção renal (taxa de filtração glomerular entre 30 e 90 mL/min e relação albuminúria/creatininúria entre 300 e 5000 mg/g) foram sorteados para receber canagliflozina 100 mg (inibidor do SGLT2) ou placebo (comprimido sem efeito). Após cerca 2,62 anos, o estudo foi interrompido, pois o grupo recebendo o tratamento ativo estava tendo benefício considerado maior que o grupo controle. O risco de desfechos renais adversos (doença renal terminal, elevação de duas vezes na creatinina ou morte por causas renais) foi 34 por cento menor nos pacientes que usaram a canagliflozina. Foi preciso tratar 28 pacientes por 2 anos e meio para prevenir uma complicação renal grave. Além disso, houve menor incidência de complicações cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico e, especialmente, internação por insuficiência cardíaca) com perfil de efeitos adversos considerado aceitável.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os achados do estudo <i>CREDENCE</i>, de fato, são animadores. No entanto algumas ressalvas merecem ser feitas.</div>
<div style="text-align: justify;">
1- estudos interrompidos antes do tempo tendem a superestimar os achados benéficos. Existe possibilidade do medicamento não ser tão bom quanto parece.</div>
<div style="text-align: justify;">
2- a população estudada tinha alto risco para problemas renais. Logo, os achados não devem ser extrapolados para pacientes com baixo risco, especialmente com níveis menores de albuminúria.</div>
<div style="text-align: justify;">
3- do ponto de vista populacional, a estratégia merece ser avaliada quanto seu custo-efetividade, já que o medicamento ainda é caro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em resumo, o arsenal terapêutico contra o diabetes está ganhando uma nova arma muito útil especialmente para os pacientes que já apresentam danos nos rins.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referência: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Perkovic V et al. Canagliflozin and Renal Outcomes in Type 2 Diabetes and Nephropathy. NEJM.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia - UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-29423050505434338542019-04-21T16:58:00.003-07:002019-04-21T16:58:43.221-07:00O papel do endocrinologista na cirurgia da obesidade (bariátrica)<div style="text-align: justify;">
O estilo de vida atual caracterizado por alimentação inadequada, rica em produtos processados de alto valor calórico, e sedentarismo fez crescer o número de pessoas com excesso de peso. No Brasil, cerca de 10% da população possui <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/sobrepeso-e-obesidade-identificando-e.html">índice de massa corpórea (IMC)</a> maior ou igual a 30 kg/m2, ou seja, está obesa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Entre as alternativas para o tratamento da obesidade, a cirurgia bariátrica tem sido cada vez mais usada. Este procedimento consiste em um conjunto de técnicas onde o trato gastrointestinal (estômago e intestino) é manipulado para restringir a quantidade de comida e/ou diminuir a absorção dos nutrientes tendo como objetivo a redução do peso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqpIueQHtoKS3Xn79jQiyz142R8pGtx4Pn3m4VO-kuT1SHj7EuecBrxcsEDQJWIT5zr6hcoB1rOv-zRH8pcWcHQaG3u76uUwfNRY3UyZ0Yd2Wf9b3W8A6ep7Tu7I0hwQsu_0ZW7_cHf8C3/s1600/gastric-bypass.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqpIueQHtoKS3Xn79jQiyz142R8pGtx4Pn3m4VO-kuT1SHj7EuecBrxcsEDQJWIT5zr6hcoB1rOv-zRH8pcWcHQaG3u76uUwfNRY3UyZ0Yd2Wf9b3W8A6ep7Tu7I0hwQsu_0ZW7_cHf8C3/s320/gastric-bypass.png" width="259" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8px;">Bypass gástrico em Y de Roux - um dos tipos de cirurgia bariátrica</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De uma maneira geral, a cirurgia bariátrica pode ser indicada para pacientes com IMC maior ou igual a 40 kg/m2 ou IMC maior ou igual a 35 kg/m2 quando <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/06/complicacoes-associadas-obesidade-o.html" target="_blank">associado a outras doenças</a> (<a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/04/diabetes-mellitus-tipo-2-conheca.html" target="_blank">diabetes mellitus tipo 2</a>, apneia obstrutiva do sono, doenças articulares, entre outras) na falha do tratamento clínico.</div>
<div style="text-align: justify;">
Devido à complexidade da obesidade como doença, o sucesso do procedimento cirúrgico somente é garantido se o paciente for devidamente avaliado e acompanhado por equipe multidisciplinar. Fazem parte desta equipe: o cirurgião, o anestesista, o nutricionista, o psicólogo, o fisioterapeuta, o psiquiatra e o <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/10/endocrinologia-uma-especialidade-de.html" target="_blank">endocrinologista</a>. Podem fazer parte também: o clínico geral, o educador físico, o gastroenterologista e o cardiologista.</div>
<div style="text-align: justify;">
O papel do endocrinologista consiste em verificar a indicação, afastar causas secundárias de obesidade, avaliar o paciente quanto à presença de complicações associadas à obesidade e acompanhar o paciente no pós-operatório para prevenir e tratar as possíveis complicações clínicas e nutricionais associadas tanto à cirurgia quanto à obesidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Entre as causas secundárias de excesso de peso estão <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/02/hipotireoidismo-e-obesidade-qual-o.html" target="_blank">doenças da tireoide</a> e da <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/12/sindrome-de-cushing-ou.html" target="_blank">glândula adrenal</a> além de distúrbios hipotalâmicos. Estas doenças são investigadas pelo endocrinologista quando existe suspeita clínica.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com relação às complicações associadas à obesidade, destacam-se: pressão alta, elevação do <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/06/perguntas-e-respostas-sobre-colesterol.html" target="_blank">colesterol</a> e <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2018/06/triglicerideos-elevados-o-que-fazer.html" target="_blank">triglicerídeos</a>, diabetes mellitus, apneia do sono, artrose, gota e <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/06/doenca-hepatica-gordurosa-nao-alcoolica.html" target="_blank">depósito de gordura no fígado (esteatose)</a>. Antes da cirurgia, todos estas condições devem ser devidamente avaliadas e manejadas, já que aumentam o risco cirúrgico. Após a cirurgia, com o emagrecimento, vários destas doenças podem melhorar, exigindo ajustes nas doses das medicações em uso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, o endocrinologista solicita exames para avaliar a condição nutricional do paciente no pré-operatório e regularmente no pós-operatório. Estes exames são importantes, pois após a cirurgia podem ocorrer deficiências de nutrientes, mesmo com a suplementação sendo feita de rotina. Por exemplo: devem-se dosar no sangue os níveis de vitamina B12 e de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/02/deficiencia-de-vitamina-d-o-basico-que.html" target="_blank">vitamina D</a>. A deficiência destas vitaminas após a cirurgia pode levar à anemia, doenças nos nervos, <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/09/osteoporose-entenda-e-evite-fraturas.html" target="_blank">osteoporose</a> e fraturas.</div>
<div style="text-align: justify;">
O acompanhamento médico com o endocrinologista também ajuda a evitar o reganho de peso após a cirurgia. Estudos recentes mostram que até metade dos pacientes que faz cirurgia bariátrica recupera cerca de 25% do peso perdido dentro de 10 anos. A educação continuada, a monitorização do peso e o tratamento medicamentoso, quando necessário, ajudam a evitar que a obesidade e as doenças a ela associada voltem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se você pretende fazer cirurgia bariátrica, agende uma consulta com o endocrinologista para iniciar seu acompanhamento, que deverá ser mantido por tempo indeterminado. A ansiedade pela cirurgia e pelos seus resultados é compreensível, mas não deve atrapalhar a avaliação, que é muito importante e não deve ser feita de maneira apressada. A cirurgia bariátrica não é milagrosa, mas funciona muito bem desde que a indicação, a avaliação e o seguimento sejam feitos corretamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Para saber mais:</b> <a href="http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2015/2131_2015.pdf" target="_blank">Resolução CFM número 2.131/2015</a><br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia - UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-48963012647339469312019-03-31T14:51:00.005-07:002019-03-31T14:51:53.773-07:00Anticoncepcionais e mudanças na composição corporal: existe alguma evidência consistente de piora de massa muscular?<div style="text-align: justify;">
Atualmente, percebemos em muitas mulheres que frequentam academias uma preocupação em relação ao uso de método anticoncepcional e o receio de piora na composição corporal, e somos questionados se os contraceptivos hormonais teriam o potencial de reduzir a massa magra conquistada com exercícios de resistência, como a musculação. Sendo assim, é importante entender se realmente existe alguma evidência robusta de que esse pode ser um efeito colateral dessa classe de medicamentos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhomQLQA9MFf4Q7VI0v4l3IYwjyUqRAE1tyG5vZQF0gc1GLl_tyXhBxZwYQljOUOif8bIIAN8PBZ8RduHAxZZduTDpXRQN4jZmDmaN5vcP8FkGhmb1PnQoaSsUGifFPJSJQc_CyQAZJFBk/s1600/mulher+fitness.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhomQLQA9MFf4Q7VI0v4l3IYwjyUqRAE1tyG5vZQF0gc1GLl_tyXhBxZwYQljOUOif8bIIAN8PBZ8RduHAxZZduTDpXRQN4jZmDmaN5vcP8FkGhmb1PnQoaSsUGifFPJSJQc_CyQAZJFBk/s320/mulher+fitness.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na literatura, são poucos os estudos de boa qualidade que abordam esse tema. Um estudo de coorte observacional que acompanhou 48 mulheres por 12 meses, com IMC na linha de base normal, observou que após um ano de uso de anticoncepcional oral (contendo estradiol micronizado e acetato de nomegestrol) não houve diferença em relação ao peso, IMC, relação cintura-quadril e todos os parâmetros de composição corporal. Outro estudo de coorte prospectivo comparou peso e composição corporal de 149 mulheres saudáveis usando o dispositivo intrauterino de levonorgestrel (DIU de LNG), dispositivo intrauterino de cobre (DIU de cobre) ou implante de etonogestrel (implante ENG), e demonstrou que, embora tenha ocorrido aumento da massa corporal magra durante 12 meses em usuários de DIU de LNG e de DIU de cobre, e não em usuários de implantes ENG, mudanças no peso corporal e na composição corporal não diferiram significativamente entre os grupos. Esses achados também foram observados em um outro estudo que incluiu pacientes obesas, no qual não se encontrou diferença em relação às usuárias de métodos contraceptivos hormonais combinados. </div>
<div style="text-align: justify;">
Em relação ao acetato de medroxiprogesterona de depósito (contraceptivo injetável trimestral), um estudo que comparou seu uso com o DIU de cobre mostrou aumento de massa gorda com usuários de medroxiprogesterona. Esse mesmo trabalho, porém, observou que o número de mulheres praticantes de atividade física aumentou no grupo de usuários do DIU, podendo ter confundido os resultados. Outro estudo que também comparou esses dois métodos, mostrou que no grupo usuário de medroxiprogesterona ocorreu aumento significativo de peso, IMC, superfície corporal, massa livre de gordura e massa gorda, corroborando esse achado. Já um terceiro estudo, que analisou o uso desse mesmo fármaco em mulheres pós parto, mostrou desfecho oposto - não detectou diferença na composição corporal até um ano de uso do puerpério. </div>
<div style="text-align: justify;">
O que podemos concluir dos estudos realizados para avaliação de composição corporal e o uso de métodos contraceptivos é que todos têm diversas limitações, são estudos observacionais, com número restrito de participantes, e com pouco tempo de seguimento - no máximo 12 meses, que pode ser uma razão para não se encontrar diferença entre os grupos. Dos estudos analisados, apenas o uso de medroxiprogesterona se relacionaria com mudança da composição corporal e aumento de massa gorda, porém um dos estudos que apresentou esse desfecho continha o viés do grupo controle ter apresentado maior numero de participantes que iniciaram atividade física. Por fim, podemos afirmar que esse é um assunto em que ainda possuímos dados limitados na literatura, mas que até o momento podemos concluir que não existem estudos confiáveis que comprovem evidência de piora da composição corporal com uso de anticoncepcionais hormonais, não tendo razão para interrupção do método contraceptivo por receio desse efeito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1. Mayeda ER, Torgal AH, Westhoff CL. Contraception. Weight and body fat changes in postpartum depot-medroxyprogesterone acetate users. 2013 Jul.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2. Mayeda ER, Torgal AH, Westhoff CL. Weight and body composition changes during oral contraceptive use in obese and normal weight women. J Womens Health (Larchmt). 2014 Jan.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3. Dal'Ava N, Bahamondes L, Bahamondes MV, Bottura BF, Monteiro I. Body weight and body composition of depot medroxyprogesterone acetate users. Contraception. 2014 Aug.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>4. dos Santos Pde N, Modesto WO, Dal'Ava N, Bahamondes MV, Pavin EJ, Fernandes A. Body composition and weight gain in new users of the three-monthly injectable contraceptive, depot-medroxyprogesterone acetate, after 12 months of follow-up. Eur J Contracept Reprod Health Care. 2014 Dec.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>5. Batista GA, Souza AL, Marin DM, Sider M, Melhado VC, Fernandes AM, Alegre SM. Body composition, resting energy expenditure and inflammatory markers: impact in users of depot medroxyprogesterone acetate after 12 months follow-up. Arch Endocrinol Metab. 2017 Jan-Feb.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>6. Silva Dos Santos PN, Madden T, Omvig K, Peipert JF. Changes in body composition in women using long-acting reversible contraception. Contraception. 2017 Apr.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>7. Neri M, Malune ME, Corda V, Piras B, Zedda P, Pilloni M, Orani MP, Vallerino V, Melis GB, Paoletti AM. Body composition and psychological improvement in healthy premenopausal women assuming the oral contraceptive containing micronized estradiol (E2) and nomegestrol acetate (NOMAC). Gynecol Endocrinol. 2017 Dec.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Camila Jardim de Almeida</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Residente de Endocrinologia do Hospital São Lucas da PUCRS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 39.824</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Luciana Dornelles Sampaio Péres</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 34.995 - RQE 29.637</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-53557423694594819392019-03-19T10:47:00.000-07:002019-03-24T14:31:35.524-07:00Tratamento do diabetes - melhor com o especialista<div style="text-align: justify;">
Grande parte dos pacientes com diabetes mellitus não recebe tratamento apropriado. Segundo a <i>American Diabetes Association (ADA)</i>, são considerados indicadores de qualidade da assistência:</div>
<div style="text-align: justify;">
- proporção de pacientes com bom controle glicêmico (hemoglobina glicada abaixo de 8 ou 10 por cento)</div>
<div style="text-align: justify;">
- exame de fundo de olho anual</div>
<div style="text-align: justify;">
- avaliação dos pés anual</div>
<div style="text-align: justify;">
- proporção de pacientes com adequado controle da pressão arterial</div>
<div style="text-align: justify;">
- avaliação para complicações renais anual</div>
<div style="text-align: justify;">
- avaliação do perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos) anual</div>
<div style="text-align: justify;">
- aconselhamento quanto ao tabagismo</div>
<div style="text-align: justify;">
- avaliação da adesão ao adequado controle da glicemia capilar (testes de ponta de dedo)</div>
<div style="text-align: justify;">
- satisfação do paciente</div>
<div style="text-align: justify;">
Em outras palavras, na lista acima, temos o mínimo que um paciente com diabetes deveria receber de tratamento. Infelizmente, não é o que se observa na prática.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKvgJNdltEvKbYi8lqC1K244S7ySb6o7VMPJQE0bLpmbnKKCQPyfIq3Hvh7XVSqs2daR3cIz2rb2ctONT3HV5AIpO8CJhv19DzUqaaD4fq6Y86Da7HD-Cj1rzG-pHFNlSagNFs4TvNIXw/s1600/endocrinologista+figurinha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="280" data-original-width="734" height="122" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKvgJNdltEvKbYi8lqC1K244S7ySb6o7VMPJQE0bLpmbnKKCQPyfIq3Hvh7XVSqs2daR3cIz2rb2ctONT3HV5AIpO8CJhv19DzUqaaD4fq6Y86Da7HD-Cj1rzG-pHFNlSagNFs4TvNIXw/s320/endocrinologista+figurinha.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Existem diversas razões para a grande discrepância entre o que deveria ser feito e o que de fato é...</div>
<div style="text-align: justify;">
- O sistema de saúde e mesmo a formação médica são moldados para responder rapidamente a problemas agudos, mas deixam a desejar no manejo de doenças crônicas: caso do diabetes. </div>
<div style="text-align: justify;">
- Alguns profissionais deixam de fazer ajustes no tratamento frente a alterações clinicamente significativas no quadro do paciente - é a "inércia terapêutica". Contribuem para isso: desconhecimento ou pouca percepção das metas terapêuticas, relutância em tratar condições assintomáticas, preocupação do paciente com a quantidade de remédios ou seus efeitos adversos, consultas com tempo reduzido e priorização no tratamento de queixas agudas frente ao manejo dos fatores de risco. Em um estudo realizado na Suíça, apenas 2/3 dos pacientes diabéticos com controle glicêmico ruim (hemoglobina glicada acima de 8 por cento) tiveram seu tratamento ajustado dentro de um período de 18 meses.</div>
<div style="text-align: justify;">
- O acesso a sistemas organizados de tratamento ainda é precário. Pacientes com diabetes que acompanham com equipes especializadas tendem a ser melhor controlados.</div>
<div style="text-align: justify;">
E aqui chegamos ao ponto!</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar da maioria (até 90 por cento) dos pacientes diabéticos do tipo 2 não fazerem seu acompanhamento com endocrinologistas, diversos estudos apontam para melhores resultados quando um especialista ou equipe coordenada por especialista em diabetes é responsável pelo manejo. Nos casos mais complicados ou quando há necessidade do uso de insulina, isto é ainda mais perceptível.</div>
<div style="text-align: justify;">
Especialistas em diabetes preocupam-se mais com os indicadores de qualidade da assistência (exame de fundo de olho, exame dos pés, dosagem da hemoglobina glicada, rastreamento para doença renal, avaliação dos níveis de colesterol e triglicerídeos, vacinação...), além de ajustarem o tratamento mais rapidamente quando há necessidade. Em um estudo, 73 por cento dos pacientes acompanhados por endocrinologistas preenchiam completamente os indicadores de qualidade de assistência. Já os acompanhados por não especialistas, apenas 52 por cento.</div>
<div style="text-align: justify;">
Existem muitas pessoas diabéticas no Brasil - cerca de uma em cada dez! Se é o seu caso, procure, sempre que possível, por médicos endocrinologistas ou serviços especializados. A qualidade do atendimento prestado faz muita diferença na sua qualidade de vida.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Lutfiyya MN, McCullough JE, Mitchell L, Dean LS, Lipsky MS. Adequacy of diabetes care for older U.S. rural adults: a cross-sectional population based study using 2009 BRFSS data. BMC Public Health. 2011;11:940. Epub 2011 Dec 16. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2- Wagner EH, Austin BT, Von Korff M. Organizing care for patients with chronic illness. Milbank Q. 1996;74(4):511. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3- Rodondi N, Peng T, Karter AJ, Bauer DC, Vittinghoff E, Tang S, Pettitt D, Kerr EA, Selby JV. Therapy modifications in response to poorly controlled hypertension, dyslipidemia, and diabetes mellitus. Ann Intern Med. 2006;144(7):475. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>4- Pimouguet C, Le Goff M, Thiébaut R, Dartigues JF, Helmer C. Effectiveness of disease-management programs for improving diabetes care: a meta-analysis. CMAJ. 2011 Feb;183(2):E115-27. Epub 2010 Dec 13. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>5- Verlato G, Muggeo M, Bonora E, Corbellini M, Bressan F, de Marco R. Attending the diabetes center is associated with increased 5-year survival probability of diabetic patients: the Verona Diabetes Study. Diabetes Care. 1996;19(3):211.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>6- Ho M, Marger M, Beart J, Yip I, Shekelle P. Is the quality of diabetes care better in a diabetes clinic or in a general medicine clinic? Diabetes Care. 1997;20(4):472. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia - UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-85277996025532583022019-03-17T17:25:00.001-07:002019-03-17T17:26:06.321-07:00Pílulas anticoncepcionais engordam?<div style="text-align: justify;">
Os contraceptivo hormonal surgiu no século XX e é composto de combinações de hormônios esteroides derivados do estrogênio e da progesterona. Esta medicação acabou por tornar-se um dos métodos contraceptivos preferidos pelas mulheres por ser prática, não invasiva e altamente eficaz na prevenção de gestação. Além disso, os anticoncepcionais têm bom perfil de segurança, desde que respeitadas as contraindicações, e possuem diversos outros efeitos benéficos comprovados para a saúde, tais como a prevenção de alguns tipos de câncer como o de ovário e endométrio, regularização do ciclo menstrual, redução de sinais e sintomas de hiperandrogenismo, entre outros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW6yRzDLZjOhyphenhyphenq6qPA8Ve8zMEsPFyzAiYd4VhTao3F_1YVkC8G67-pWhd6vZK9r7g_NzNxUGe__H4QSLGtLIDm3yAN_iSlEXFL5iTiACS-8GgGwCiV7HcImzFAYPwlMBRYBX_pf014Btk/s1600/destaque-12.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="601" data-original-width="1000" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW6yRzDLZjOhyphenhyphenq6qPA8Ve8zMEsPFyzAiYd4VhTao3F_1YVkC8G67-pWhd6vZK9r7g_NzNxUGe__H4QSLGtLIDm3yAN_iSlEXFL5iTiACS-8GgGwCiV7HcImzFAYPwlMBRYBX_pf014Btk/s320/destaque-12.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, a preocupação com os efeitos colaterais é sempre uma constante. Entre eles, o ganho de peso se mostra como um dos mais populares receios. Para muitos médicos e pacientes, o ganho de peso causado pelos anticoncepcionais é uma verdade inquestionável. De fato, existe um substrato teórico que justifica essa preocupação. Os estrógenos podem ocasionar retenção de fluidos devido a possível efeito mineralocorticoide do etinilestradiol e alguns estudos sugerem aumento de gordura subcutânea, principalmente em seios, coxas e quadris. Também há possível propriedade anabólica da combinação hormonal, resultando em um aumento da ingesta alimentar por alterações do apetite. </div>
<div style="text-align: justify;">
Diversos estudos já foram realizados para tentar esclarecer essa dúvida. Mas, primeiramente, deve-se destacar que nem todos eles são de boa qualidade técnica. Esse problema, em parte, pode ser justificado por algumas dificuldades metodológicas, como por exemplo, a existência de inúmeros tipos de formulações de anticoncepcionais, com diferentes dosagens e diferentes combinações de estrógenos e progestágenos. Além disso, estudos com placebo também são difíceis de realizar neste contexto, visto que pode ser antiético deixar mulheres em idade fértil sem contracepção efetiva. Soma-se a isso, o fato de a maioria dos estudos ser de curta duração e não ter sido desenhado especificamente para avaliação do ganho de peso como desfecho primário.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma revisão sistemática e metanálise que reuniu 49 estudos, realizados com diferentes tipos de anticoncepcionais, desde a década de 70 (quando eram usados doses muito maiores de estrogênio nas formulações) até os dias atuais, mostrou uma tendência a um pequeno ganho de peso, mas isso não foi estatisticamente significativo. Ademais, avaliando isoladamente os poucos estudos que comparam anticoncepcionais a placebo, também não houve diferenças significativas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, pelo que dispomos atualmente de literatura científica a respeito do assunto, não há evidência suficiente para determinar o real impacto dos contraceptivos sobre o peso, mas os estudos excluem que os mesmo sejam responsáveis por grandes variações de peso, mas não, por pequenas variações.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Fritz, M. A., & Speroff, L. Endocrinologia Ginecológica Clínica e Infertilidade, 8ª Ed. Revinter, 2014. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2- Vilar L, et al. Endocrinologia Clínica, 6ª Ed. Guanabara Koogan, 2016.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3- Gallo MF, Lopez LM, Grimes DA, Carayon F, Schulz KF, Helmerhorst FM. Combination contraceptives: effects on weight. Cochrane Database of Systematic Reviews 2014, Issue 1. Art. No.: CD003987. DOI: 10.1002/14651858.CD003987.pub5</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Thais Reis Gonçalves</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Residente de Endocrinologia do Hospital São Lucas da PUCRS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 40.801</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Luciana Dornelles Sampaio Péres</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 34.995 - RQE 29.637</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-24228913255834529422019-03-05T14:41:00.001-08:002019-03-05T14:41:59.485-08:00Tratamento do diabetes mellitus tipo 2: terapias baseadas no GLP-1<div class="" data-block="true" data-editor="e9jb2" data-offset-key="3bo01-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3bo01-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
O GLP-1 é um hormônio produzido no intestino em resposta aos nutrientes da alimentação. Entre seus efeitos estão:<br />
- auxilia o pâncreas a regular os níveis de glicose (açúcar no sangue);<br />
- faz o estômago esvaziar mais lentamente;<br />
- diminui o apetite.<br />
Os pacientes com <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/04/diabetes-mellitus-tipo-2-conheca.html">diabetes mellitus tipo 2</a> têm níveis mais baixos de GLP-1. Por isso, a indústria farmacêutica desenvolveu remédios baseados nesta substância.</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: center; white-space: normal;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-QhzyEpxB_fpTwMHFTDE7X-ercdG3KV85OjGlfJM5mOPKa28TQXSvW5Bm-ugHhZLESpY7Uk8CFhVNIwPzoCzsd7g5S311x1jTxYR00cO_0i4Eawzj_Z7fyGRRZnrRzcZwF0syy0hT4UF4/s1600/remedios.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-QhzyEpxB_fpTwMHFTDE7X-ercdG3KV85OjGlfJM5mOPKa28TQXSvW5Bm-ugHhZLESpY7Uk8CFhVNIwPzoCzsd7g5S311x1jTxYR00cO_0i4Eawzj_Z7fyGRRZnrRzcZwF0syy0hT4UF4/s320/remedios.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<b>Quais são e como funcionam os remédios baseados no GLP-1?</b></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
São duas classes de remédios:</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<b><u>Agonistas do GLP-1:</u></b> são medicamentos injetáveis que imitam a função do GLP-1 no nosso organismo. Estão disponíveis no mercado o exenatide (Byetta), o liraglutide (Victoza), o lixisenatide (Lyxumia) e o dulaglutide (Trulicity).</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<b><u>Inibidores da DPP-4 (gliptinas):</u></b> são medicamentos usados por via oral (comprimidos) que fazem o GLP-1 produzido por nosso organismo durar mais tempo. No mercado brasileiro estão disponíveis a vildagliptina (Galvus), a sitagliptina (Januvia), a saxagliptina (Onglyza), a linagliptina (Trayenta) e a alogliptina (Nesina).</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<b>Quais as vantagens dos tratamentos baseados no GLP-1?</b></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
As principais vantagens desses medicamentos são que não aumentam (gliptinas) ou <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2018/08/tratamentos-para-o-diabetes-tipo-2-que.html">ajudam a perder peso</a> (exenatide e liraglutide) e o baixo risco de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2018/11/hipoglicemia-em-pacientes-com-diabetes.html">hipoglicemias</a> (queda da glicose). Além disso, nos estudos disponibilizados até o momento, foram considerados seguros quando comparados ao tratamento convencional. Alguns agonistas no GLP-1 (liraglutide e semaglutide) mostraram-se benéficos na prevenção de desfechos cardiovasculares em pacientes de alto risco.</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<b>Quais as desvantagens dos tratamentos baseados no GLP-1?</b></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
Como são remédios relativamente novos, dados de eficácia (prevenção de complicações do diabete como cegueira, amputações, insuficiência renal crônica, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico...) e segurança (se o remédio causa potenciais efeitos adversos graves a médio e longo prazo) ainda não estão completamente disponíveis para todos os perfis de pacientes.</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
Apesar de pouco frequentes, existem relatos de efeitos adversos graves, entre eles pancreatite aguda (principalmente com análogos do GLP-1) e descompensação de insuficiência cardíaca congestiva (alguns inibidores da DPP-4).</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
Outra desvantagem é o custo elevado quando comparado a outros tratamentos para o diabetes.</div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: justify; white-space: normal;">
<span style="font-size: x-small;">Fonte:</span><br />
<i><span style="font-size: x-small;">1- Dungan K. </span><span style="font-size: x-small;">Glucagon-like peptide-1 receptor agonists for the treatment of type 2 diabetes mellitus.</span><span style="font-size: x-small;"> UpToDate.</span></i></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; white-space: normal;">
<br /></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; text-align: right; white-space: normal;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b><br />
Médico Endocrinologista<br />
Doutor e Mestre em Endocrinologia - UFRGS<br />
CREMERS 30.576 - RQE 22.991<br />
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
</div>
</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-15312621132401917652019-02-21T05:10:00.000-08:002019-02-21T05:10:55.072-08:00Mudanças no metabolismo induzidas pela perda de peso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsoaDqK54eNdHyxrtJztJ1rL6nM0zO10LIpomt4E23uL8-eQVdhLPZ7CtOflhsZazgAESX2cl5hX0OPau1cqQWqSJqUPtE_IQmZUJdfJA8q-xXYf1SP5VnHYGxqA0BvlJAaKm9onS2g_8/s1600/metabolismo.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="467" data-original-width="716" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsoaDqK54eNdHyxrtJztJ1rL6nM0zO10LIpomt4E23uL8-eQVdhLPZ7CtOflhsZazgAESX2cl5hX0OPau1cqQWqSJqUPtE_IQmZUJdfJA8q-xXYf1SP5VnHYGxqA0BvlJAaKm9onS2g_8/s320/metabolismo.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos principais efeitos da perda de peso, seja ela induzida por dieta, exercício ou cirurgia, é a redução do metabolismo basal ou taxa metabólica de repouso que representa a quantidade mínima de energia necessária para manutenção das atividades vitais do organismo em repouso.</div>
<div style="text-align: justify;">
O metabolismo basal corresponde a aproximadamente 2/3 do gasto calórico diário de um indivíduo e pode variar conforme a idade, existindo uma redução aproximada de 1% a cada década de vida, o sexo, sendo maior em homens do que em mulheres, e principalmente conforme a quantidade de massa muscular de um indivíduo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os demais componentes do nosso gasto calórico diário referem-se à energia gasta para a digestão dos alimentos, também conhecida como termogênese relacionada à dieta, e ao gasto calórico relacionado ao exercício, conforme didaticamente ilustrado na figura abaixo, com os percentuais correspondentes de cada componente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5TotnGkFZYQ4ljrvbTGgtXfz0kErWJpk7WV0fgw0rYpcymonWUJbe7COOuZfA3uKS3I2_JGgjTEytUYUcgGMi_eJwhLVHJaZcBqjxxE22zrsakSKSOHgImxxuixn35vWdX5zxBr8BQwA/s1600/COMPONENTES_get.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="616" data-original-width="1406" height="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5TotnGkFZYQ4ljrvbTGgtXfz0kErWJpk7WV0fgw0rYpcymonWUJbe7COOuZfA3uKS3I2_JGgjTEytUYUcgGMi_eJwhLVHJaZcBqjxxE22zrsakSKSOHgImxxuixn35vWdX5zxBr8BQwA/s320/COMPONENTES_get.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um estudo interessante demonstrou que a manutenção de um peso 10% abaixo do peso inicial resultou em uma redução de 8 kcal para cada kg perdido no metabolismo basal. Isto significa que um indivíduo que pesava inicialmente 100 kg e conseguiu reduzir o seu peso para 90 kg (redução de 10% do peso inicial) apresenta uma redução aproximada de 80 kcal no seu metabolismo basal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Este declínio no metabolismo descrito em indivíduos submetidos a tratamentos para perda de peso favorece a recuperação do peso, sobretudo porque permanece suprimido no longo prazo, mesmo após o término da intervenção para perda de peso.</div>
<div style="text-align: justify;">
E porque este declínio ocorre? Bom, quando começamos a reduzir o peso, uma série de adaptações hormonais e metabólicas são ativadas numa tentativa de "proteger" o organismo de um estado de privação importante de comida. Mudanças na composição corporal, levando a perdas significativas da massa muscular, bem como reduções importantes dos níveis de leptina, hormônio produzido pelo tecido adiposo, responsável também por modular o gasto energético contribuem para esta queda. Dessa forma, a redução do metabolismo de repouso dificulta o emagrecimento à medida em que continuamos perdendo peso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Outro estudo bastante interessante mostrou o impacto das diferentes intervenções para perda de peso (dieta x exercício x terapia farmacológica ou cirurgia) sobre o metabolismo de repouso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os resultados mostraram uma redução do metabolismo de aproximadamente 15 kcal para cada kg perdido, sem diferença entre homens e mulheres, quando todas as intervenções foram analisadas conjuntamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Conforme mostrado na figura a seguir, quando as intervenções foram avaliadas separadamente, a dieta resultou em maior queda do metabolismo basal, de 18 kcal para cada kg de peso perdido, quando comparada a todas as demais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVJlom-i9LJVymqPHJlZ5LVkPREi2_Q9649DAjDsUTqHMPF6dMguSzs_Gb3Va7BZudq-A-jN0GxC0-8DpbuVOulAo3xmmjvzDhRtqZYaST-94TGhcfB0OXZmygf14pQz5wBWlpzsAMbwY/s1600/TMB%25281%2529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="472" data-original-width="965" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVJlom-i9LJVymqPHJlZ5LVkPREi2_Q9649DAjDsUTqHMPF6dMguSzs_Gb3Va7BZudq-A-jN0GxC0-8DpbuVOulAo3xmmjvzDhRtqZYaST-94TGhcfB0OXZmygf14pQz5wBWlpzsAMbwY/s320/TMB%25281%2529.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A combinação da restrição calórica associada a exercícios regulares resultou em menores reduções no metabolismo basal quando comparada à dieta isoladamente. Uma das explicações para esta diferença é a maior preservação da massa muscular induzida pelo exercício durante restrições calóricas impostas pela dieta. </div>
<div style="text-align: justify;">
Em síntese, embora o exercício isoladamente não seja uma estratégia eficaz para perda de peso, a combinação do exercício durante a perda de peso induzida pela dieta minimizará a redução do metabolismo basal, componente importante do gasto calórico total! O entendimento dessas alterações adaptativas desencadeadas pelo emagrecimento bem como o acompanhamento regular com uma equipe multidisciplinar, incluindo médico endocrinologista, nutricionista e educador físico, ajudará na obtenção de melhores resultados durante e após intervenções para a perda de peso! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1. Relative changes in resting energy expenditure during weight loss: a systematic review. Obesity Reviews (2010) 11, 531–547.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2. Changes in energy expenditure resulting from altered body weight. N Engl J Med 1995; 332: 621–628</i>.</span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Milene Moehlecke</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 33.068 - RQE 25.181</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.endocrinologistamilene.med.br/">http://www.endocrinologistamilene.med.br</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-79587225108286798402019-02-10T16:55:00.002-08:002019-02-10T16:55:27.603-08:00Diabetes mellitus pós-transplante de órgãos - já ouviu falar?<div style="text-align: justify;">
De quais diabetes mellitus você já ouviu falar?</div>
<div style="text-align: justify;">
Tipo 1, tipo 2, diabetes gestacional... Está correto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, neste texto, será abordado um tipo específico de diabetes mellitus, que ainda está em estudo. Trata-se do <b>diabetes mellitus pós-transplante</b> de órgãos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmFfSZXeCD6juf27C7p-GUWMzx0BSpRLWHpDjrkoxwNk6w-kuJWpO-Lpoqj4xouRPP5MX4jwGKEFpaZ9-rWptHq3LWKW5mgA8LhtiLJpGhWTIpuxfTdthw9Oces5v_r5-DLrGT0377yLA/s1600/transplante+de+org%25C3%25A3os.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="263" data-original-width="350" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmFfSZXeCD6juf27C7p-GUWMzx0BSpRLWHpDjrkoxwNk6w-kuJWpO-Lpoqj4xouRPP5MX4jwGKEFpaZ9-rWptHq3LWKW5mgA8LhtiLJpGhWTIpuxfTdthw9Oces5v_r5-DLrGT0377yLA/s320/transplante+de+org%25C3%25A3os.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O transplante é uma modalidade de tratamento para aqueles casos de falência total do funcionamento de um órgão, como coração, pulmão, fígado ou rins. O transplante mais comum e mais realizado no mundo todo é o transplante renal. Somente no Brasil, no período de janeiro de 2007 a março de 2017, foram realizados mais de 50 mil transplantes renais. O transplante renal bem-sucedido melhora a qualidade de vida, é mais custo-efetivo e reduz o risco de mortalidade para a grande maioria dos pacientes, quando comparado à terapia dialítica.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim como é importante reconhecer os benefícios de um transplante no momento de sua indicação, também devem estar claras as possíveis complicações decorrentes desse procedimento. Quem recebe um transplante, necessita utilizar durante toda a vida tratamento com medicamentos imunossupressores, para evitar a rejeição do órgão transplantado. Os esquemas atuais de imunossupressão estão cada vez mais adequados, e os pacientes transplantados, vivendo mais e melhor. Justamente por isso, estão sujeitos à ocorrência das doenças crônico-metabólicas que acometem a população geral, como o diabetes mellitus. </div>
<div style="text-align: justify;">
O <b>diabetes mellitus pós-transplante</b> é a denominação oficial para o subtipo de diabetes que acomete pessoas que não eram diabéticas e se tornam, após receber um transplante de órgão. Ele usualmente se instala dentro dos primeiros meses após o transplante, mas a chance de desenvolver esse diabetes persiste ao longo da vida do receptor. De cada 100 pessoas transplantadas, 10 a 30 podem ficar diabéticas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Nem todas as pessoas tem o mesmo risco de desenvolver diabetes mellitus pós-transplante. Algumas condições podem favorecer o seu surgimento, por exemplo: sexo masculino, idade maior que 45 anos, estar em sobrepeso ou obesidade no momento do transplante, ter história familiar de diabetes, ganhar muito peso após o transplante, etc. Porém, o principal responsável pela ocorrência do diabetes mellitus pós-transplante é o regime de imunossupressão. Em geral, quanto maiores as doses necessárias (e isso varia de pessoa para pessoa), maior o risco de ter diabetes. </div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso, deve fazer parte do acompanhamento do paciente transplantado o rastreamento periódico do diabetes. O diagnóstico do diabetes mellitus pós-transplante segue os mesmos critérios do diabetes tipos 1 e 2: glicemia de jejum ≥126 mg/dl e/ou teste de tolerância oral a 75g de glicose (TTOG) em 2 horas ≥200 mg/dl e/ou hemoglobina glicada (HbA1c) >6,5%. Lembrando que, para fechar o diagnóstico, o paciente deve estar já com a terapia imunossupressora de manutenção, pois é praticamente regra ocorrer aumento transitório nos níveis de glicose nos primeiros dias após o transplante, quando se utilizam altas doses de corticosteroides para evitar rejeição do órgão.</div>
<div style="text-align: justify;">
O diabetes mellitus pós-transplante é tratado de forma semelhante ao diabetes tipo 1 e 2, com medicamentos antihiperglicemiantes orais e/ou insulina. No momento, não existe definição se um medicamento é melhor que o outro, podendo toda a gama de tratamentos disponíveis ser utilizada, à critério do médico que acompanha o paciente. Assim como os demais tipos de diabetes, o diabetes mellitus pós-transplante mal controlado está associado ao desenvolvimento de complicações. </div>
<div style="text-align: justify;">
Antigamente, pensava-se que quem tinha diabetes mellitus pós-transplante desenvolvia até mais rapidamente as complicações clássicas do diabetes, como retinopatia. Porém, estudos mais novos mostraram o contrário. Pessoas com diabetes mellitus pós-transplante renal (mais de 5 anos de evolução) e controle glicêmico razoável (hemoglobina glicada média, ao longo do acompanhamento, de 7,4%) não apresentaram alterações visíveis na retina, nem tiveram mais alterações em exames de função dos rins (medidos por taxa de filtração glomerular e proteinúria). Contudo, sinais de neuropatia diabética (perda da sensibilidade nos pés, principalmente), foram detectados nesses pacientes. Então, sugere-se que o exame periódico dos pés (pelo menos anual), com os mesmos testes empregados para avaliação dos diabéticos tipos 1 e 2, seja incorporado à rotina de acompanhamento dos transplantados com diabetes. </div>
<div style="text-align: justify;">
Como falado acima, o diabetes mellitus pós-transplante ainda segue em estudo, e novidades sobre seu tratamento e acompanhamento estão sendo pesquisadas. Portanto, é importante seguir informado com o seu médico. Como sempre, manter uma rotina saudável de alimentação e exercícios, é útil tanto para a prevenção do diabetes mellitus pós-transplante, como para manutenção de níveis adequados de glicemia, no caso de quem já tem o diagnóstico de diabetes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Dados Númericos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período de janeiro a março de 2017. Registro Brasileiro de Transplantes - ABTO. 2017; 23 (1): 1-33.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2- Jenssen T, Hartmann A. Post-transplant diabetes mellitus in patients with solid organ transplants. Nat Rev Endocrine, 2019; 15 (1): doi: 10.1038/s41574-018-0137-7.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3- Sharif A, Cohney S. Post-transplantation diabetes—state of the art. The Lancet Diabetes & Endocrinology. 2016;4(4):337-49.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>4- Londero TM, Giaretta LS, Farenzena LP, Manfro RC, Canani LH, Lavinsky D, Leitão CB, Bauer AC. Microvascular Complications of Posttransplant Diabetes Mellitus in Kidney Transplant Recipients: A Longitudinal Study. J Clin Endocrinol Metab. 2019 Feb 1;104(2):557-567.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Thizá Massaia Londero Gai</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CRM 35877 / RQE 28957</div>
<div style="text-align: right;">
Mestre em Endocrinologia e Metabologia UFRGS</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-38876127546500091102019-02-03T16:50:00.001-08:002019-02-03T16:50:34.537-08:00Existe efeito rebote com as medicações antiobesidade?<div style="text-align: justify;">
Pergunta recorrente no consultório refere-se ao receio de usar medicações para tratamento do excesso de peso pelo risco de efeito rebote após suspensão da(s) mesma(s). Mas será que este medo é real?</div>
<div style="text-align: justify;">
Bom, o entendimento de que a obesidade é uma doença crônica com tendência à recidiva ao longo do tempo é fundamental. Nesse sentido, o tratamento é baseado em mudanças no estilo de vida associadas ou não à terapia farmacológica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxKCPrhE1bS9aLyCZjSsqqefUyw4nN9oBr5Wiza8Vc_r1EI5PKDvqgdalxQ21FF46F-pv13GCuPQbt0uygEwqQFZQid2l2u-i2HFW_NJGJB1snHz8QWp54pZwcHyoST1OQtndDoF8iqIg/s1600/remedio+emagrecer+mateus+dornelles+severo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="1600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxKCPrhE1bS9aLyCZjSsqqefUyw4nN9oBr5Wiza8Vc_r1EI5PKDvqgdalxQ21FF46F-pv13GCuPQbt0uygEwqQFZQid2l2u-i2HFW_NJGJB1snHz8QWp54pZwcHyoST1OQtndDoF8iqIg/s320/remedio+emagrecer+mateus+dornelles+severo.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As modificações no estilo de vida propostas para o tratamento da obesidade são fundamentais. Entretanto, as taxas de sucesso no longo prazo apenas com estas medidas costumam ser baixas. Isto porque uma série de adaptações ocorrem no organismo quando reduzimos a ingestão alimentar com o objetivo de perda de peso. Por exemplo, existe um aumento da fome e também do apetite após qualquer redução de peso. Além disso, o metabolismo basal, responsável pelas necessidades energéticas para o funcionamento do organismo em repouso, assim como o gasto calórico com a realização de exercícios físicos é menor quando emagrecemos! Todas estas adaptações fisiológicas tendem a persistir ao longo do tempo favorecendo a recuperação do peso após a perda inicial.</div>
<div style="text-align: justify;">
As medicações prescritas para o tratamento da obesidade, em geral, auxiliam no controle sobre a ingestão alimentar aumentando a saciedade e/ou reduzindo o apetite. Considerando que estas medicações não atuam de forma irreversível no organismo, a suspensão das mesmas favorece, ao longo do tempo, o aumento da ingestão alimentar com recidiva do peso perdido. Por isso, o uso de fármacos para tratamento da obesidade costuma ser mantido no longo prazo, sob supervisão periódica do médico especialista. </div>
<div style="text-align: justify;">
Atualmente, os medicamentos antiobesidade podem ser úteis para pacientes com IMC* (índice de massa corporal) maior ou igual a 30 kg/m² ou acima de 27 kg/m² com alguma comorbidade que não conseguiram atingir as metas de perda e manutenção do novo peso apenas com reeducação alimentar e exercícios regulares. </div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda, é necessário avaliar os potenciais benefícios com o tratamento instituído contrabalançando com os riscos associados à terapia farmacológica bem como os riscos relacionados ao excesso de peso.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estudos mostram que uma perda entre 5 a 10% do peso, independentemente de como foi alcançada, está associada à melhora do perfil de risco cardiovascular bem como menor incidência de diabetes tipo 2.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em síntese, por se tratar de uma doença crônica e com tendência à recidiva, a instituição da terapia farmacológica aumenta a chance de sucesso do tratamento no longo prazo em indivíduos com pobre resposta às mudanças no estilo de vida. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">*IMC = peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Referências:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Long-term persistence of adaptive thermogenesis in subjects who have maintained a reduced body weight. Am J Clin Nutr. 2008;88(4):906. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2- Long-term persistence of hormonal adaptations to weight loss. N Engl J Med. 2011 Oct;365(17):1597-604. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3- The Science of Obesity Management: An Endocrine Society Scientific Statement. Endocrine Reviews 39: 1 – 54, 2018.</i></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<b>Dra. Milene Moehlecke</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médica Endocrinologista</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 33.068 - RQE 25.181</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.endocrinologistamilene.med.br/">http://www.endocrinologistamilene.med.br</a></div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-43938044210982622802019-01-20T13:38:00.001-08:002019-01-20T13:38:54.915-08:00Hirsutismo: crescimento excessivo de pelos em mulheres<div style="text-align: justify;">
<b>O que é hirsutismo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chamamos de hirsutismo o crescimento excessivo de pelos grossos e escuros em áreas do corpo onde apenas os homens deveriam tê-los. Essas áreas são:</div>
<div style="text-align: justify;">
- lábio superior (região do bigode);</div>
<div style="text-align: justify;">
- queixo;</div>
<div style="text-align: justify;">
- área das costeletas;</div>
<div style="text-align: justify;">
- peito e ao redor dos mamilos;</div>
<div style="text-align: justify;">
- barriga;</div>
<div style="text-align: justify;">
- costas;</div>
<div style="text-align: justify;">
- coxas.</div>
<div style="text-align: justify;">
É uma condição muito comum, afetando 1 em cada 10 mulheres antes da menopausa (última menstruação).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIH7jW_I8Nks3YIL6cs1jVRF-rZiAm8VYx0MZ90CAhI2IiqpXku5rIXAi40JRw8gnoIgqPXEJiBS0oBbMqa1dbWGgU92e-9zeym5owqSIopWJ_tAjlR-db80kYvR1klNxNXaV5jVlpZs0n/s1600/hirsutismo+mateus+dornelles+severo+endocrinologista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="500" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIH7jW_I8Nks3YIL6cs1jVRF-rZiAm8VYx0MZ90CAhI2IiqpXku5rIXAi40JRw8gnoIgqPXEJiBS0oBbMqa1dbWGgU92e-9zeym5owqSIopWJ_tAjlR-db80kYvR1klNxNXaV5jVlpZs0n/s320/hirsutismo+mateus+dornelles+severo+endocrinologista.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Quais são as causas do hirsutismo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Muitas mulheres têm hirsutismo devido a sua genética, ou seja, possuem mães ou irmãs também com excesso de pelos. Outras têm hirsutismo devido a altos níveis de hormônios masculinos no sangue, os androgênios.</div>
<div style="text-align: justify;">
A principal condição que leva ao aumento dos androgênios e hirsutismo é a <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/07/o-que-causa-sindrome-dos-ovarios.html">síndrome dos ovários policísticos (SOP)</a>. Contudo, existem outras causas menos frequentes como tumores de ovário e doenças das glândulas adrenais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Que outros sinais/sintomas podem estar associados ao hirsutismo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nas mulheres com SOP, além do hirsutismo pode haver:</div>
<div style="text-align: justify;">
- alterações menstruais;</div>
<div style="text-align: justify;">
- queda de cabelo;</div>
<div style="text-align: justify;">
- acne;</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/sobrepeso-e-obesidade-identificando-e.html">excesso de peso</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando os androgênios estão muito elevados, pode ocorrer virilização, ou seja, aumento da massa muscular, mudança do timbre da voz e calvície. Nesses casos, a avaliação deve ser rápida, pois os sintomas podem ser causados por um tumor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Que exames são necessários na avaliação do hirsutismo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dependendo do caso, os seguintes exames podem ser solicitados:</div>
<div style="text-align: justify;">
- exames de sangue para dosagem dos androgênios;</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/07/nem-todo-ovario-policistico-e-sindrome.html">ecografia (ultrassonografia) pélvica para avaliação dos ovários</a>;</div>
<div style="text-align: justify;">
- em alguns casos selecionados, <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/11/avaliacao-dos-incidentalomas-de-adrenal.html">exames de imagem da adrenal</a> e testes hormonais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Como é feito o tratamento do hirsutismo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dependendo da causa, o hirsutismo pode ser tratado com:</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2018/05/pilula-anticoncepcional-e-cancer-de.html">pílula anticoncepcional oral</a>;</div>
<div style="text-align: justify;">
- remédios chamados anti-androgênios, que diminuem os níveis ou bloqueiam a ação dos androgênios</div>
<div style="text-align: justify;">
- medidas locais como depilação convencional com lâmina ou cera, ou definitiva com laser ou eletrólise.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se você se sente incomodada com o excesso de pelos, procure o <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/10/endocrinologia-uma-especialidade-de.html">endocrinologista</a> e faça uma avaliação para identificar a causa e receber o tratamento apropriado.<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">Referência:</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><i>1- Barbieri RL. Patient education: Hirsutism (excess hair growth in women) (Beyond the Basics). UpToDate.</i></span><br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-61447080118629969082019-01-13T11:55:00.000-08:002019-01-13T11:55:01.964-08:00Hipertireoidismo: quando desconfiar que a tireoide está produzindo muito hormônio?<div style="text-align: justify;">
HIPERtireoidismo é como se chama a doença em que a glândula tireoide produz hormônios em excesso. É diferente de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/entenda-o-que-e-hipotireoidismo.html">HIPOtireoidismo</a>. Nesta última há uma diminuição na produção de hormônios.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O que é tireoide?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A tireoide é a glândula localizada na região anterior do pescoço, logo abaixo do pomo-de-adão. É responsável pela produção de hormônios (T4 e T3) que regulam a maneira como nosso corpo usa a energia, ou seja, nosso metabolismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
A tireoide, por sua vez, é controlada pela glândula hipófise, localizada na base do cérebro, através de um terceiro hormônio chamado TSH.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGhydJXJhxAr10P1Zkl1zYLqRoX_A0fApyQEFD_aWJIiQSVk2M2Dvo1roQk0rSJ0qVbhNCpBbsjIsSuZ2gqqbsoCr-Ueyn8IMCGZ0bABwq9tp2cUCdNuAiNmY3duK8R8rmMdLUNC5_sNho/s1600/tireoide+bocio+mateus+severo+endocrinologia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="764" height="167" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGhydJXJhxAr10P1Zkl1zYLqRoX_A0fApyQEFD_aWJIiQSVk2M2Dvo1roQk0rSJ0qVbhNCpBbsjIsSuZ2gqqbsoCr-Ueyn8IMCGZ0bABwq9tp2cUCdNuAiNmY3duK8R8rmMdLUNC5_sNho/s320/tireoide+bocio+mateus+severo+endocrinologia.png" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Quais as causas de hipertireoidismo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A principal causa de hipertireoidismo é a condição chamada de doença de Graves (se pronuncia "<i>greives</i>"). Na doença de Graves, a tireoide é atacada por anticorpos que a estimulam a produzir T4 e T3 em excesso. É mais comum em mulheres, mas também pode acometer homens. Os pacientes com doença de Graves podem desenvolver, além dos sintomas de hipertireoidismo e aumento da tireoide, doença nos olhos, principalmente se fumarem. Chamamos esta doença dos olhos de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/12/orbitopatia-de-graves-doenca-dos-olhos.html">orbitopatia de Graves</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Outras causas de hipertireoidismo são:</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/nodulos-de-tireoide-o-que-voce-precisa.html">nódulos de tireoide</a> tóxicos, ou seja, nódulos que produzem hormônio em excesso;</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2018/01/tireoide-pode-doer.html">tireoidites (inflamação da tireoide)</a>. Em alguns casos, essa inflamação é acompanhada por dor na localização da tireoide;</div>
<div style="text-align: justify;">
- ingestão de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/12/fazendo-uso-correto-da-levotiroxina.html">hormônio tireoidiano</a> em excesso.<br />
Obs: nas duas últimas situações o termo semiologicamente mais apropriado é tireotoxicose ao invés de hipertireoidismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Quais os sintomas do hipertireoidismo?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As pessoas com hipertireoidismo geralmente têm sintomas como:</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/a-glandula-tireoide-e-o-controle-das.html">ansiedade, irritabilidade e sono agitado</a>;</div>
<div style="text-align: justify;">
- fraqueza, especialmente nos braços e coxas, o que torna difícil a subida de escadas;</div>
<div style="text-align: justify;">
- tremores finos, especialmente das mãos;</div>
<div style="text-align: justify;">
- aumento da produção de suor e intolerância ao calor;</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2014/06/doencas-endocrinologicas-podem-ser.html">aceleração dos batimentos cardíacos</a> e arritmias;</div>
<div style="text-align: justify;">
- cansaço;</div>
<div style="text-align: justify;">
- <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/09/sintomas-compressivos-causado-pelo.html">bócio (aumento do tamanho da tireoide)</a>;</div>
<div style="text-align: justify;">
- perda de peso apesar do apetite normal ou aumentado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Como é feito o diagnóstico?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O diagnóstico é simples e feito através da dosagem dos hormônios (TSH, T4 e T3) no sangue. Para determinar a causa do hipertireoidismo, algumas vezes são necessários exames complementares como <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/10/ecografia-ultrassonografia-de-tireoide.html">ecografia</a> e cintilografia de tireoide.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Como é feito o tratamento?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O tratamento depende da causa do hipertireoidismo e pode ser feito com medicamentos, <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/12/uso-do-iodo-radioativo-no-tratamento-do.html">iodo radioativo</a> ou cirurgia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Caso você apresente sintomas e desconfie que possa estar com hipertireoidismo, procure o <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/10/endocrinologia-uma-especialidade-de.html">endocrinologista</a> para avaliação e tratamento adequados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Fonte:</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span><span style="font-size: x-small;"><i>1- Ross DS. Overview of the clinical manifestations of hyperthyroidism in adults. UpToDate.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<b>No vídeo, explico as principais diferenças entre HIPERTIREOIDISMO e HIPOTIREOIDISMO.</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/OgO2RvqUFfw/0.jpg" src="?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div style="text-align: right;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista titulado pela <a href="https://www.endocrino.org.br/">SBEM</a></div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4428621H0">Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS</a></div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a><br />
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Texto atualizado em 13 de janeiro de 2019.</i></span></div>
</div>
</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2070154271810002211.post-22943092599341286672019-01-06T14:35:00.002-08:002019-01-06T14:35:34.513-08:00Dieta da tireoide - dá pra engolir?<div style="text-align: justify;">
“Que teu alimento seja teu remédio”. Atire a primeira pedra quem nunca viu esta frase atribuída a Hipócrates sendo usada em uma rede social para justificar os mais variados tipos de dietas. É verdade que bons hábitos alimentares auxiliam bastante na prevenção e no tratamento de doenças. <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/sobrepeso-e-obesidade-identificando-e.html">Obesidade</a>, <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/04/diabetes-mellitus-tipo-2-conheca.html">diabetes mellitus</a>, hipertensão arterial e até mesmo o câncer estão entre elas. Talvez por isso, sempre que um paciente é diagnosticado com qualquer problema na tireoide, vem a pergunta: “O que eu devo comer ou deixar de comer para ajudar no tratamento?” Que orientações o <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/10/endocrinologia-uma-especialidade-de.html">endocrinologista</a> costuma fazer quando recebe este tipo de questionamento?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKL8ANS5er_WHqsQkh6g7eG_XErPePO3YHvuVnAVMOEC40yXsGmnJBWl5GM_NNJPv0fVcjNY-7soqPxNu66HOEijIWmoZlK_6jHTGh0abB6nwNtJ3vUlIjuPotr1li7zKpKvWQGJVX-2Gn/s1600/brassica+mateus+severo+endocrinologia.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="427" data-original-width="640" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKL8ANS5er_WHqsQkh6g7eG_XErPePO3YHvuVnAVMOEC40yXsGmnJBWl5GM_NNJPv0fVcjNY-7soqPxNu66HOEijIWmoZlK_6jHTGh0abB6nwNtJ3vUlIjuPotr1li7zKpKvWQGJVX-2Gn/s320/brassica+mateus+severo+endocrinologia.jpeg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8px;">Vegetais do gênero Brassica frequentemente levam a culpa por disfunções tireoidianas.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
A tireoide usa iodo para produzir seus hormônios. De cara, já dá pra perceber que na deficiência deste micronutriente, a produção hormonal pode diminuir. Isto é, a baixa ingesta de iodo pode ser causa de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/05/entenda-o-que-e-hipotireoidismo.html">hipotireoidismo</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Precisamos de uma alimentação que nos forneça 150 mcg de iodo todos os dias. <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/02/gestantes-brasileiras-precisam-de.html">Gestantes e mulheres amentando, precisam um pouco mais</a>. A principal fonte de iodo alimentar é o sal de cozinha, seguido por frutos do mar e de alguns pães e cereais. No Brasil, toda dona de casa tem acesso ao sal iodado. Logo, para nós brasileiros, o hipotireoidismo por deficiência de iodo não é uma doença prevalente. Entre as poucas pessoas que apresentam maior risco de deficiência de iodo estão os veganos, especialmente se além da restrição de produtos de origem animal, também restringirem sal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se por um lado, a deficiência é um problema, o excesso é igualmente prejudicial à saúde. Em pessoas predispostas, o iodo a mais pode desencadear quadros tanto de hiper quanto de hipotireoidismo. Por isso, <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/04/vale-pena-suplementar-iodo-para-tireoide.html">suplementos como o lugol ou o SSKI</a> costumam fazer mais mal do quem bem à saúde.</div>
<div style="text-align: justify;">
E quanto a couve e a soja? Dá pra comer à vontade? Existe um grupo de substâncias conhecidas como goitrogênicas, isto é, com potencial de causar bócio (aumento da tireoide). Os exemplos alimentares mais comuns são os vegetais crucíferos (família da couve) e os produtos derivados da soja.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os <a href="http://blogdasbemrs.blogspot.com/2017/05/o-consumo-de-couve-pode-causar.html">vegetais crucíferos</a>, que pertencem ao gênero <i>Brassica</i>, incluem couve, brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas e repolho entre outros. São ricos em glicosinolatos, compostos que produzem sulforafano e isotiocianatos, substâncias com propriedades anticancerígenas. Porém, os glicosinolatos também incluem o metabólito tiocinato, que é capaz de inibir a síntese de hormônio tireoidiano. Ou seja, teoricamente, o consumo excessivo desses vegetais poderia causar hipotireoidismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Felizmente, na prática, o consumo de crucíferas precisa ser enorme para causar disfunção tireoidiana. Em um estudo, o consumo de 1 litro de suco de couve por dia por 7 dias diminuiu a captação de iodo em cerca de 2% sem efeito significativo nos níveis hormonais (2). Em um relato de caso, uma senhora chinesa de 88 anos, que consumiu cerca de 1,5 kg de acelga por dia por vários meses, acabou entrando em coma pelo hipotireoidismo (3). Exemplo extremo! O consumo moderado não tem impacto significativo no funcionamento da tireoide.</div>
<div style="text-align: justify;">
As isoflavonas, encontradas nos derivados de soja, podem inibir a atividade da enzima peroxidase tireoidiana, atrapalhando a síntese hormonal. Mais uma vez, teoricamente, a ingestão de grandes quantidades de derivados de soja poderia causar hipotireoidismo. Mas não é o que vemos na prática. Mesmo populações que consomem muita soja, como os asiáticos, não apresentam maior risco de hipotireoidismo (4).</div>
<div style="text-align: justify;">
Por fim, existem alguns estudos associando níveis baixos de micronutrientes (<a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2016/05/selenio-e-tireoide.html">selênio</a>, cobre, zinco e magnésio) a doenças autoimunes e ao câncer de tireoide. No entanto, até o momento, não existe evidência mostrando que a suplementação com estes minerais seja capaz de prevenir ou tratar doenças tireoidianas. Exceção para o uso do selênio na doença ocular leve associada a casos de <a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2015/08/hipertireoidismo-quando-desconfiar-se.html">hipertireoidismo</a> (<a href="https://drmateusendocrino.blogspot.com/2017/12/orbitopatia-de-graves-doenca-dos-olhos.html">orbitopatia de Graves</a>) (5).</div>
<div style="text-align: justify;">
Em resumo, frente à evidência atual, apesar de algumas substâncias e nutrientes terem alguma importância na fisiologia tireoidiana, não podemos afirmar que exista um padrão alimentar específico para prevenir ou tratar doenças da tireoide. Em situações muito específicas – gestante vegana, por exemplo –, ajustes na alimentação ou suplementação podem ter algum impacto, embora não existam estudos robustos avaliando a custo-efetividade deste tipo de estratégia. Se você apresentou alteração em exames tireoidianos, antes de aderir à qualquer dieta ou fazer uso de suplementos, procure um bom endocrinologista. Felizmente, na maioria das vezes, o tratamento é simples e não exige modificação nos hábitos alimentares. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Fontes:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>1 - Leung AM. The Thyroid Diet: Is There Such a Thing? Medscape.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>2 - Kim SSR, He X, Braverman LE, Narla R, Gupta PK, Leung AM. Letter to the Editor. Endocr Pract. 2017; 23(7):885-886.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>3 - Chu M, Seltzer TF. Myxedema coma induced by ingestion of raw bok choy. N Engl J Med. 2010; 362(20):1945-6.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>4 - Messina M, Redmond G. Effects of soy protein and soybean isoflavones on thyroid function in healthy adults and hypothyroid patients: a review of the relevant literature.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Thyroid. 2006; 16(3):249-58.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>5 - Marcocci C, Kahaly GJ, Krassas GE, Bartalena L, Prummel M, Stahl M, Altea MA, Nardi M, Pitz S, Boboridis K, Sivelli P, von Arx G, Mourits MP, Baldeschi L, Bencivelli W, Wiersinga W. Selenium and the course of mild Graves' orbitopathy. N Engl J Med. 2011; 364(20):1920-31.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<b>Dr. Mateus Dornelles Severo</b></div>
<div style="text-align: right;">
Médico Endocrinologista titulado pela SBEM</div>
<div style="text-align: right;">
Doutor e Mestre em Endocrinologia pela UFRGS</div>
<div style="text-align: right;">
CREMERS 30.576 - RQE 22.991</div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://facebook.com/drmateusendocrino">facebook.com/drmateusendocrino</a></div>
</div>
SBEM-RShttp://www.blogger.com/profile/15721616095415267346noreply@blogger.com0