sábado, 14 de janeiro de 2017

Vitamina D e Gestação

A vitamina D é tradicionalmente associada à manutenção da saúde óssea da população. Entretanto, diversos órgãos e sistemas do corpo podem sofrer influência da vitamina D. Nos últimos anos, diversas funções não-esqueléticas vêm sendo atribuídas a esta vitamina. Neste contexto, encontra-se o efeito da vitamina D para a saúde da gestante e do bebê.
Durante a gravidez, diversas adaptações ocorrem no corpo da mulher com vistas a disponibilizar cálcio para o desenvolvimento dos ossos do feto. Essas adaptações são, ao menos em parte, mediadas pela vitamina D materna. Desta forma, mulheres sem estoques adequados de vitamina D na gestação podem encontrar dificuldades em manter o equilíbrio do metabolismo do cálcio.



A dosagem de vitamina D NÃO está indicada para toda população, mas deve ser realizada em grupos específicos, os quais incluem as gestantes e as lactantes (mulheres que estão amamentando). A dosagem da 25-hidroxivitamina D é o exame a ser avaliado, já que é a forma predominante de vitamina D circulante, além de ser o melhor indicador dos estoques corporais. Valores de 25-hidroxivitamina D iguais ou acima de 30 ng/mL são considerados normais, enquanto valores entre 20 e 29 ng/mL indicam insuficiência e valores abaixo de 20 ng/mL refletem a deficiência desta vitamina.
A prevalência de deficiência de vitamina D na gestação é bastante elevada em todo o mundo e também no Rio Grande do Sul. Dados publicados em 2014, referentes a gestantes com diabetes gestacional de Porto Alegre, mostram que apenas 13,6% das mulheres apresentavam vitamina D em níveis considerados adequados. Como o feto depende da vitamina materna, a deficiência/insuficiência de vitamina D também é muito frequente nos recém-nascidos.
As repercussões da deficiência de vitamina para o feto e para a gestante foram estudadas nos últimos anos. Sabemos que, para o bebê, as consequências podem ser o aumento do risco de baixo peso, prematuridade, alteração do metabolismo ósseo e infecções pulmonares. Para a mãe, as consequências são o aumento do risco de pré-eclâmpsia e de diabetes gestacional. Outras doenças também vêm sendo estudadas em sua relação com a vitamina D mas sua associação ainda não está completamente esclarecida.
Frente ao grande números de gestantes com deficiência de vitamina D, e suas repercussões na saúde tanto da mãe quanto do feto, a reposição durante a gestação vem sendo recomendada. Estudos apontam que o tratamento pode reduzir as taxas de parto prematuro, baixo peso ao nascer e pré-eclâmpsia. A dose necessária para normalizar a vitamina D durante a gestação pode chegar a 2000-4000 unidades ao dia, porém deve ser individualizada para cada mulher. Esta reposição, quando feita pelo médico obstetra ou endocrinologista, é considerada segura para a mãe e para o bebê.

Referências:
1 - Holick MF, Binkley NC, Bischooff-Ferrari HA, et al. J Clin Endocrinol Metab 2011;96:1911-30.
2 - Weinert LS, Reichelt AJ, Schmitt LR, et al. Am J Hypertens. 2014 Oct;27(10):1316-20. 
3 - Weinert LS, Silveiro SP. Matern Child Health J. 2015 Jan;19(1):94-101. 
4 - De-Regil LM, Palacios C, Lomardo LK and Peña-Rosas JP. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 1. Art N CD008873.

Dra. Letícia Schwerz Weinert
Médica Endocrinologista
CREMERS 29.996 - RQE 21.442

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